Usada como forma de expressão, a arte também auxilia no desenvolvimento de processos terapêuticos. Desde os primórdios da humanidade, ela esteve presente nas cavernas, quando o homem ainda não tinha domínio completo da linguagem e da escrita, apresentando, portanto uma importância crucial nos processos de desenvolvimento psíquico, social e cultural da humanidade.
Dentre os diversos tipos de arte, podemos citar, a arte rupestre, em que o homem pré-histórico foi capaz de transmitir informações no intuito de garantir sua sobrevivência e de desenvolver vínculos sociais. Jovens, adultos, idosos e crianças fazem parte daqueles que produzem, disfrutam e se tratam com a arte.
A nível psico-neurológico, através da produção artistica, é dada ao paciente a oportunidade do desenvolvimento da sensibilidade e da capacidade intuitiva, visto que o exercício do hemisfério direito, a parte do cérebro responsável pela criatividade e intuição.
Nos tratamentos psiquiátricos, a arte é uma ferramenta fundamental pois os portadores de distúrbios mentais, taxados pela sociedade como incapacitados e improdutivos, e por consequência marginalizados, podem, através da produção artística trabalhar os processos de cura, atribuindo sentido e significado à sua existência, por sentirem-se úteis e produtores, ao mesmo tempo em que desenvolve uma atividade psicolúdica na manifestação íntegra de seu ser e no resgate da sua criança interior.
A arte aliada à terapia
Vale a pena salientar que a arte como ferramenta aplicada a clínica, é um processo atentamente guiado, onde a equipe de terapeutas, paciente e arte estão intrinsecamente vinculados em um contexto com um fim específico de catarse, expressão do sofrimento e elaboração de sentimentos, na desconstrução de padrões de pensamentos e comportamentos que porventura contribuíram ao paciente o estado de adoecimento.
Existe quebra de paradigmas de suas vivências de modo a construir novos padrões mais saudáveis, criando novas perspectivas e construindo uma nova realidade que possa proporcionar o encontro do eu do paciente enquanto essência e desta forma, buscando a harmonia e a saúde. Importante ressaltar que a arte na clínica nunca deve ser considerada um passatempo ou simples relaxamento, pois como foi exposto acima ela remete a fins terapêuticos e resultados específicos. Não existe contra-indicação para a utilização da arteterapia, podendo ser utilizada em qualquer abordagem da clínica individual, em psicoterapias grupais e em qualquer faixa etária, tais como o público infantil, adolescente, adulto e idoso.
A linguagem artística é original pois se trata da comunicação das emoções, do inconsciente, da ordem do indizível. Por este motivo, é um tipo de terapia que, quando utilizada, gera excelentes resultados nos processos terapêuticos, sendo instrumento de catarse, na expressão de sentimentos, pensamentos, idéias, fantasias, traumas e comportamentos emocionais mal elaborados, que impulsionam o indivíduo ao autoconhecimento, de cura e controle de alguma doença ou distúrbio. Na clínica infantil, a arte é uma importante ferramenta pois viabiliza o vínculo terapêutico, o que proporciona uma expressão mais facilitada dos sentimentos.
A arte contra traumas
Igualmente importante são os casos traumáticos, onde em uma possível presença de dissociação psicológica, não temos muita consciência de nossas dores e sofrimentos. configurando-se um importante mecanismo de defesa psíquico.
Neste caso, a arte e principalmente a pintura, por não passar pelo crivo da racionalidade e por ter livre passagem sem nenhuma crítica do intelecto, fazem emergir de maneira espontânea conteúdos psicológicos conscientes ou inconscientes que estavam latentes ou que não encontravam uma forma de comunicação de maneira tão precisa, visto que a linguagem escrita ou falada muitas vezes não dão conta do que se tenta exprimir, sendo a produção artística, um excelente aparato na clínica.
A arte abrange qualquer condição socioeconômica e grau de instrução, atendendo as mais diversas queixas, sejam de ordem física, psicológica ou psicossomática, dentre elas as doenças auto-imunes, a depressão, o Alzheimer, problemas neuropsicofísicos em geral. Dentre as artes que participam nos processos de cura, podemos citar a “arteterapia” (desenhos, mandalas, pintura, escultura e trabalhos com argila), a musicoterapia (canto, instrumentos musicais), psicodrama (teatro) e a biodança.
O tipo de procedimento a ser utilizado vai depender da história de vida do paciente, de sua queixa clínica, bem como de seus interesses, propensões e limitações. Cada caso é diferente, em que se necessita realizar todo um procedimento personalizado para aquele paciente. Pode-se utilizar uma mescla de recursos que a psicoterapia da arte oferece, sempre respeitando as limitações e escolha do paciente. Vale a pena salientar que, embora a “arteterapia” ofereça recursos importantíssimos na clínica, ela é uma ferramenta que não substitui um tratamento psicológico aprofundado.
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