Os episódios respiratórios de tosse e sibilâncias (som agudo) são sintomas comuns em crianças e podem ocorrer devido a doenças pulmonares ou ter outras etiologias. De qualquer forma, sua aparição é razão suficiente para buscar tratamento de emergência, especialmente se tratando de episódios recorrentes.
Estudo publicado na Revista Médica de Trujillo menciona que, na América Latina, morrem a cada ano milhares de lactentes menores de um ano por pneumonia. A maioria destas crianças tem o antecedente de sibilâncias recorrentes.
Sabe-se que pelo menos 20% de todas as crianças com menos de dois anos de idade apresentam sibilâncias transitórias. Em parte, elas são relacionadas ao diâmetro das suas vias aéreas (característica geneticamente predeterminada), bem como a coexistência de infecções virais das vias respiratórias altas e exposição passiva à fumaça de tabaco.
Além disso, em pesquisa publicada em JAMA, Augusto Litonjua et al. fazem referência que a importância da asma e das sibilâncias começa precocemente na vida. A deficiência pré-natal de vitamina D foi associada com estas afecções no recém-nascido.
Foram estudadas mulheres grávidas com idade entre 18 e 39 anos, todas com alto risco de terem filhos com asma. Ao todo, foram randomizadas 440 mulheres para receber 4000 UI (unidade internacional) de vitamina D por dia, mais vitaminas pré-natais contendo 400 UI de vitamina D.
Outras 436 mulheres passaram a receber placebo, além de vitaminas pré-natais contendo 400 UI de vitamina D. Os critérios de avaliação primários concomitantes foram: (1) informe parental de asma ou sibilâncias recorrentes diagnosticadas por um médico até 3 anos de idade; e (2) níveis maternos de 25-hidroxivitamina D no terceiro trimestre.
A equipe observou que 810 lactentes nasceram neste estudo e foram incluídos 806 na análise dos resultados aos 3 anos. Dos quais, 218 crianças desenvolveram asma ou sibilâncias recorrentes: 98 de 405 (24,3%; IC 95% 18,7% – 28,5%) no grupo de 4400 UI contra 120 de 401 (30,4%, IC 95% 25,7% – 73,1%) no grupo de 400 UI (taxa de risco 0,8; IC 95% 0,6 – 1,0; P = 0,051).
Das mulheres no grupo de 4400 UI em quem foram controlados os níveis sanguíneos, 289 (74,9%) apresentaram níveis de 25-hidroxivitamina D de 30 ng/ml ou maiores no terceiro trimestre de gravidez, em comparação com 133 de 391 (34,0%) no grupo de 400 UI (diferença 40,9%; IC 95% 34,2% – 47,5%; P <0,001).
Finalmente, os autores argumentam que em mulheres grávidas com risco de ter um filho com asma, a suplementação com 4400 UI/dia de vitamina D em comparação com 400 UI/dia, aumentou significativamente os níveis de vitamina D nas mulheres.
A incidência de asma e sibilâncias recorrentes em seus filhos na idade de 3 anos, foi menor em 6,1%, mas não alcançou significância estatística; no entanto, o estudo pode não ter energia suficiente. Está em andamento um seguimento de mais tempo das crianças para determinar se a diferença é clinicamente importante.