Abortos são comuns e normalmente inevitáveis. A boa notícia é que a maioria das mulheres pode ter bebês saudáveis.
Para muitas mulheres, a exultação instantânea que o teste de gravidez positivo provoca é lentamente substituída por um medo inoportuno: E se alguma coisa der errado? E se eu perder o bebê? Embora um determinado número de gestações, infelizmente, acabe em aborto espontâneo, é reconfortante saber que a maioria das gestações resulta em bebês saudáveis. E mesmo se a mulher sofrer uma perda, ela tem todas as probabilidades de ter uma gravidez saudável no futuro.
Se você tiver um aborto espontâneo, poderá se sentir muito sozinha. O fato é que você realmente tem muitas companhias: estudos revelam que algo entre 10% a 25% das gestações reconhecidas acabam em abortos. Mas muitas mulheres mantêm os abortos em segredo, mesmo das amigas mais próximas e dos membros da família, muitas vezes por se sentirem culpadas ou envergonhadas. Essas emoções são injustificadas.
“O aborto rotineiro que muitas mulheres têm deve-se à pura falta de sorte”, diz Henry Lerner, Médico, Obstetra e Ginecologista no Hospital Newton-Wellesley em Newton, Mass. e Professor Clínico Assistente em obstetrícia e ginecologia na Escola de Medicina de Harvard. “Como eles são aleatórios, a probabilidade é que não ocorram da próxima vez”. De fato, para a maioria das mulheres que sofrem um aborto, as chances de uma próxima gestação bem sucedida são de 80%, diz Lerner.
Muitas mulheres temem que exercitar-se, cair, levantar objetos pesados ou coisas semelhantes pode desencadear o aborto, mas as chances disso acontecer são pequenas. “a menos que você seja fumante, usuária de drogas ilícitas ou viciada em álcool, há muito pouco que você possa fazer para causar um abordo”, observa Lerner. “Mesmo um acidente automotivo ou queda normal não causará um aborto”. No entanto, um estudo sueco constatou que as mulheres grávidas que são expostas a fumaça de cigarro tinham 67% de probabilidade de abortar em relação às mulheres que não estavam expostas a isso.
Determinadas condições de saúde também predispõem algumas mulheres ao aborto. Todos os problemas de tiroide, diabetes, infecções no trato genital e estar com sobrepeso ou obesa podem representar algum grau de risco. Por isso é importante tentar manter essas condições sob controle antes de engravidar. E embora muitas mulheres acreditem que o estresse possa causar aborto, existem poucas pesquisas corroborando essa tese. “Desconheço qualquer evidência real que associe o estresse ao aborto”, diz Lerner. Algumas infecções, como a listeriose (mais frequentemente causada pela ingestão de carne mal cozida ou produtos lácteos não pasteurizados) e toxoplasmose (geralmente causada pela ingestão de carne mal cozida ou pelo contato com fezes de gato), também podem causar o aborto, mas, felizmente, estes casos são raros. Dito isto, aqui vai uma análise profunda do motivo da maioria dos abortos, juntamente com notícias sobre as últimas pesquisas sobre as causas e os tratamentos que estão sendo oferecidos.
Quando os cromossomos são o problema
As principais causas de aborto enquadram-se em duas categorias amplas: problemas com o embrião ou feto e problemas na mãe. Mais de 50% resultam da primeira, ao que os especialistas referem-se como erros cromossômicos.
“Quando os cromossomas dos óvulos e os do esperma se fundem para formar um embrião, eles normalmente se combinam corretamente”, explica Lerner, que também é autor de Aborto: Por que isso acontece e Qual a melhor maneira de reduzir os seus riscos (Perseus). “Mas, algumas vezes eles se embaralham. Como os cromossomas são o projeto para o desenvolvimento, se eles combinarem incorretamente, o embrião estanca o desenvolvimento e morre”.
Esses erros podem ser são sérios que a gravidez por si só nunca ocorre, o óvulo fertilizado pode começar a se dividir e crescer, mas não consegue se fixar no útero. De fato, estima-se que mais da metade das gestações clínicas, aquelas feitas com fertilização, nunca chegam ao ponto em que a mulher obteria um resultado positivo do teste de gravidez.
“A grande maioria dos embriões geneticamente anormais não se fixam, e os poucos que conseguem abortam cedo”, diz William P. Hummel, Médico, um endocrinologista de fertilidade especializado em aborto e infertilidade no Centro de Fertilidade de San Diego. “O corpo reconhece um problema e cuida dele antes mesmo da mulher saber que está grávida”. A maioria dos abortos acontece nas primeiras 12 semanas. “Depois que você passa a marca das oito a doze semanas e podemos ver o batimento cardíaco do feto pelo ultrassom, você tem 98% de chance de completar a gestação e ter um bebê saudável”, diz Hummel.
O papel da idade
A idade de uma mulher está intimamente ligada à incidência de anomalias cromossômicas na gravidez. “A probabilidade de aborto espontâneo aumenta exponencialmente à medida que a mulher envelhece”, diz Lesley Regan, M.D., diretor do Serviço de Aborto Recorrente do Hospital de St Mary em Londres, e professor clínico na Divisão de Cirurgia, Oncologia, Biologia Reprodutiva e Anestésicos da Imperial College of London.
Segundo Hummel, uma mulher de 35 anos ou menos tem uma chance de 15 por cento de aborto. Conforme ela se aproxima dos 39 anos, suas chances são de 20 por cento. O risco aumenta para 30 por cento aos 40 anos e para quase 40 por cento, se ela tiver 42 anos ou mais.
“Ao nascer, uma mulher possui todos os óvulos que terá por toda a sua vida”, explica Lerner. “Quanto mais velha ela fica, mais tempo para os seus óvulos serem danificados por problemas ambientais como produtos químicos nocivos, gases e metais pesados. Esta deterioração inevitável do DNA ao longo do tempo pode tornar as instruções de crescimento dos óvulos ilegíveis”. Os cientistas agora suspeitam que a idade do pai, particularmente se ele tiver mais de 40 anos, também pode ser um fator para o aborto, embora muito menor do que o da mãe.
Anormalidades anatômicas
A segunda causa mais comum de abortos precoces são anormalidades no corpo de uma mulher, na maioria das vezes o seu útero, de acordo com Hummel. “Pelo menos 30 por cento de todos os abortos ocorrem em função de fatores anatômicos dentro do útero”, explica ele. “Destes, os miomas são o maior problema”.
Hummel aponta que, apesar destes tumores não cancerosos serem extremamente comuns em mulheres em idade reprodutiva, nem todos contribuem para o aborto. “A chave é a sua localização e tamanho”, diz ele. Quanto mais perto estiver um mioma do centro do útero, onde um óvulo fertilizado provavelmente será implantado, maior a probabilidade dele causar um aborto. No que tange ao tamanho, qualquer mioma maior que 5 cm pode ser problemático. Uma cirurgia para remover o mioma é muitas vezes extremamente eficaz na redução do risco de aborto de uma mulher sem prejudicar sua capacidade de conceber ou levar uma gravidez até o final, acrescenta Hummel.
Se você acha que está abortando
Infelizmente, não há nada que você possa fazer para interromper um aborto uma vez que ele comece. E você também não deve desejar isso, uma vez que a maioria das perdas é fruto de sérios problemas com o embrião ou feto.
As características de um aborto espontâneo incluem hemorragia intensa e cólicas, ao contrário das manchas normais, o que ocorre com frequência no início da gravidez. Estas manchas mais claras podem ser causadas pela implantação do óvulo fertilizado ou pela placenta em desenvolvimento “firmando” suas raízes na parede e vasos sanguíneos do útero. “Mas, na metade do tempo, o sangramento não indica um aborto”, diz Henry Lerner, M.D. “Ele é um resultado do feto ter morrido e o tecido começar a se desintegrar. Quando a hemorragia começa, o aborto já ocorreu – normalmente leva de sete a 10 dias para ver qualquer sangramento”.
Se você acha que pode estar abortando, ligue para o seu médico ou parteira. Se você de fato tiver abortado, ele vai querer se certificar de que o seu corpo expulsou completamente o tecido. Se isso não ocorrer, você pode precisar de um procedimento denominado curetagem para removê-lo.