O sadomasoquismo não é muito discutido e gera certo desconforto ao ser sujeito de uma conversação. Gente inteligente anda em comboio, promove seus amigos e elege seus inimigos. Julgam-se os arautos da humanidade, adoram minorias e causas nobres. Hiperpreocupadas com a autoimagem, estão sempre de prontidão para defender negros, gays, índios, mulheres vitimizadas, crianças pobres, adolescentes delinquentes, o combate da fome, da miséria, a transparência no Senado, desejos reprimidos, o direito de ser autêntico. Tem gente inteligente para todos os gostos.
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Um assunto interessante a se discutir: A noção de ética total
A ética total é a nova base do fanatismo. Trata-se, basicamente, de uma reação orquestrada com direito à manifetação é tudo, diante de qualquer movimento que soe, estranho, por exemplo, a pratica do sadomasoquismo.
Nada melhor que o assunto sexo para furar (ou trazer à tona) a resistência. Sexo sempre destrói idealistas e fanáticos de qualquer causa. Sempre nos mostra nossa verdadeira natureza. Como seria a democratização entre quatro paredes? Uma hipótese é que parte considerável do sucesso de 50 Tons de Cinza deva-se a isso: mulheres (e homens) frustrados com os efeitos das novas etiquetas sociais buscando na literatura, um pouco de ar, espaço para fantasiar. Sexo Democrático traz à mente uma imagem de criança com lacinho cor-de-rosa na cabeça, observando, com desdém, alguns amiguinhos, menos preocupados com imagem social, brincando na lama.
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Hoje em dia, defender a comunidade GLS é tão fácil (e popular) quanto conseguir centenas de “Curtir” ao colocar fotinhos de gatinhos fofinhos no Facebook. Qualquer menina de laço cor-de-rosa na cabeça consegue. Por sua vez, parece que as pessoas que são atraídas pela modalidade Sadomasoquista não contam com a mesma simpatia. Estas pessoas estão saindo do armário e estão se afirmando, sofrendo no lugar dos outros, o preconceito.
Ser sadomasoquista ou kinky significa ter tesão ao fazer/sofrer coisas terríveis com/por outra pessoa. Por exemplo, pedir para que o outro aplique um castigo utilizando-se de correntes, chicotes, etc.
Segundo a uma recente matéria de Matt Haber no NY Times, as pessoas que praticam o sadomasoquismo costumam se esconder pelo anonimato, sentem-se aflitas pela falta de reconhecimento e pelo preconceito. Os afugentados kinkys praticantes do sadomasoquismo, buscam válvulas de escape na internet. Existem redes sociais especializadas em acomodar pessoas que desejam compartilhar a pratica do sadomasoquismo mantendo o anonimato. Susan Wright e a Coalização fizeram um lobby para que a Associação Psiquiátrica Americana deixasse de considerar patológico, algumas modalidades de práticas sexuais. Wright, casado há 19 anos, diz: “Somos pessoas perfeitamente comuns, exceto que gostamos de sexo kinky.”
A prática do sadomasoquismo depende de duas pessoas: um sádico, que sente prazer ao ver o outro sofrer, e um masoquista, que gosta de sentir dor.
Sexólogos explicam que o sadomasoquismo existe em diferentes graus, e pode estar presente mesmo sem todo o estereótipo que cerca a prática. “Às vezes o casal não pratica o sadomasoquismo na cama, mas, na atitude, como aquele homem que só pensa nele, não quer fazer uma preliminar, quer ser o dominante. Eu creio que este tipo de enredo encanta muito porque existe um grau de sadismo em muitas relações”, observa.
Para o psicólogo Oswaldo Rodrigues Junior, do Instituto Paulista de Sexualidade, as práticas sexuais na literatura sempre chamam a atenção. “Mais pessoas se associam a estas leituras, sentindo-se socialmente adequadas, e sem perversões. Livros facilitam a dispersão do conhecimento sobre estas práticas”, opina.
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Texto: Poiesispsicologia