A realidade pode ser entendida como socialmente construída, e as pessoas podem ser vistas dentro de uma ótica de um processo contínuo, onde pertencem a realidades históricas também em processo contínuo de construção e transformação.
Sujeito: um ser social
Para toda uma tradição da filosofia e das ciências humanas, o sujeito é algo do domínio de uma suposta natureza humana. No entanto, entendemos, assim como Guattari, que o ser humano é acima de tudo um ser social que se constitui na relação com o outro. Este se encontra imerso na sociedade, que por sua vez, influenciará em seu modo de ser no mundo.
Muitos são os fatores que perpassam os sujeitos e constroem formas de pensar; e diante da visão de homem como um ser inserido no meio social, se constituindo e sendo influenciado por e em meio a esta, observamos um “sujeito” que se constrói e se modifica nesse espaço social, e com todas as suas particularidades recebe deste último o necessário para regular e firmar sua identidade, sua maneira de ser.
Psiquismo = subjetividade + objetividade
Levando também em consideração que acreditamos que a construção do psiquismo humano resulta da relação dialética entre objetividade e subjetividade, constatamos igualmente a impossibilidade de ver o homem como um ser isolado.
Nesse sentido, é proposto um rompimento com a perspectiva dualista e dicotômica existente entre indivíduo e sociedade, não considerando que indivíduo e contexto social se influenciam mutuamente, mas afirmando a construção de um espaço de interseção onde um implica o outro e vice versa.
Um ser humano social, convicto de que não há possibilidade do humano sem ser no social. Existe uma natureza histórico-social pertinente ao homem, e não se pode conhecer qualquer comportamento humano isolando-o como se existisse por si próprio. Essa ideia se relaciona a questão do homem ser sujeito e transformador da história, de sua vida e também da sociedade.
Produto e produtor
O sujeito se constitui como produto e como produtor da sua história e da história da sociedade em que vive. Pois o homem, mesmo quando sozinho, é um ser social. Seus hábitos, seu jeito de expressar emoções e o uso que faz dos instrumentos que recebeu da sociedade tem a ver com as relações que estabeleceu dentro dessa sociedade que o constituiu.
Na sociedade ocidental atual, observada como extremamente individualista, os indivíduos podem até se expressar como seres isolados, mas isso também é uma construção dessa mesma sociedade.