O Centro Cultural Banco do Brasil recebeu cerca de 100 obras que traçam a trajetória de Yayoi Kusama, artista japonesa de 84 anos. Famosa por seus trabalhos estampados com bolinhas e poás, a pintora traz pinturas, esculturas, vídeos e instalações realizados entre 1949 a 2012.
Nascida em 1929, ela passou por diversos movimentos e momentos da arte, do minimalismo às artes pop e feministas. Yayoi Kusama começou a realizar seus trabalhos poéticos e semi-abstratos em papel nos anos 1940, antes de sua celebrada série “Infinity Net” (Rede Infinita), no final dos anos 1950 e no início dos 1960. Essas pinturas originais são caracterizadas pela repetição obsessiva de pequenos arcos pintados, aglutinados em padrões rítmicos maiores. Hoje ela vive no Japão e é tida como uma das artistas mais importantes do país.
A Princesa das Bolinhas, como é conhecida, transpõe para telas, roupas, vídeos, esculturas e até para corpos nus as formas e cores psicodélicas que enxerga em suas alucinações; sobretudo, claro, bolinhas.
Podemos ver através de sua arte que transtornos mentais podem abrir caminhos inusitados para a criatividade. É o caso de Yayoi Kusama. Considerada um dos maiores nomes da arte contemporânea e também um ícone da moda, ela vive há mais de 30 anos, por iniciativa própria, numa instituição psiquiátrica em Tóquio.
A exposição, a obsessão
De repente você assistiu a exposição “obsessão infinita” no CCBB no Rio de Janeiro, e ficou curioso ou confuso ou sem entender muita coisa.
O fato é que a questão em voga é toda uma arte criada por conta de uma doença ou expressão sintomática. Freud falava sobre sublimação, no caso de artistas, músicos e outros. Esses expressavam sua arte e música sublimando. Só que para ele, essa sublimação sempre tinha a ver com a sexualidade, com algo relacionado ao sexo ou a repressão dele.
Para a Gestalt Terapia é um pouco diferente. Nem tudo sempre se relaciona com a parte sexual. No caso da artista, ela expressa seus medos, traumas e anseios através da arte. Uma maneira, de certa forma, saudável de expressão.
A expressão do sintoma
Muitas das vezes, aquilo que não se pode ou não se consegue expressar verbalmente é expressado de várias outras maneiras. Seja em sintomas físicos, psicossomáticos, fobias, e outros. Sai de alguma forma, mesmo que não seja falado, verbalizado. No caso da artista veio através da arte, da pintura ou outras formas artísticas. Todo um sintoma foi colocado em pauta em seus quadros e outros artefatos. Observamos através deles seus medos e, como nos diz no título da exposição, sua obsessão.