No cotidiano da psicologia clínica podemos observar como as pessoas chegam com grande dificuldade de elaborar suas perdas, não somente em casos de morte de entes queridos, mas também em relação a perdas em geral.
Com a recorrência de clientes que apresentavam esta dificuldade para elaborar perdas, comecei a pensar e a supor que esta dificuldade poderia estar associada a uma produção de subjetividade da sociedade contemporânea, que não lida com a questão da finitude humana, da morte, da dor, do sofrimento, da perda em geral. Pensamos na importância dessa questão, pois, imersos na sociedade contemporânea ocidental, estamos o tempo todo lidando com questões relacionadas à finitude humana, a perdas, a dores e angústias.
Perdas e possibilidades
Como lidar com nossas perdas e dores? O que fazer diante do do vazio da partida de um ente querido? O que fazer diante da dor e da angústia? Onde está o botão para apertar para fazer cessar o sofrimento? Essas e muitas outras perguntas podem ser feitas no momentos da dor da perda. Não há uma fórmula mágica, nem receita de bolo.
Pretendemos, na psicoterapia, encontrar formas e ou possibilidades de aprender a lidar com essas questões de maneira mais saudável possível, pois isso pode nos ajudar na nossa existência, no fechamento de ciclos, e quem sabe amenizar um pouco do sofrimento vivido pelo homem diante de suas perdas.
Sociedade ocidental contemporânea
Acreditamos que essa dificuldade de lidar com perdas não é vivida da mesma forma em todos os tipos de sociedade, e por isso é importante entendermos como isso se constrói na contemporaneidade. Assim, nos perguntamos: a questão do imediatismo vivido hoje influência diretamente nas nossas relações e na forma que lidamos com nossas perdas e nossas dores? E nosso luto? Como vivemos, processamos e o elaboramos? Será que há algo na sociedade atual que intensifica essa dificuldade de lidar com a dor e o luto?
São estas questões que nos propomos a pensar. Mas o fato é que no contexto clínico, podemos encontrar um espaço para expressão de sentimentos, para acolhimento da dor e quem sabe do encontro de novas possibilidades e (re)significações.