Relacionamento

Por que é tão difícil lidar com perdas?

Por Rafaela Monteiro 28/11/2013

451983

No cotidiano da psicologia clínica podemos observar como as pessoas chegam com grande dificuldade de elaborar suas perdas, não somente em casos de morte de entes queridos, mas também em relação a perdas em geral.

Com a recorrência de clientes que apresentavam esta dificuldade para elaborar perdas, comecei a pensar e a supor que esta dificuldade poderia estar associada a uma produção de subjetividade da sociedade contemporânea, que não lida com a questão da finitude humana, da morte, da dor, do sofrimento, da perda em geral. Pensamos na importância dessa questão, pois, imersos na sociedade contemporânea ocidental, estamos o tempo todo lidando com questões relacionadas à finitude humana, a perdas, a dores e angústias.

 

Perdas e possibilidades

Como lidar com nossas perdas e dores? O que fazer diante do do vazio da partida de um ente querido? O que fazer diante da dor e da angústia? Onde está o botão para apertar para fazer cessar o sofrimento? Essas e muitas outras perguntas podem ser feitas no momentos da dor da perda. Não há uma fórmula mágica, nem receita de bolo.

perdas

Pretendemos, na psicoterapia, encontrar formas e ou possibilidades de aprender a lidar com essas questões de maneira mais saudável possível, pois isso pode nos ajudar na nossa existência, no fechamento de ciclos, e quem sabe amenizar um pouco do sofrimento vivido pelo homem diante de suas perdas.

 

 

Sociedade ocidental contemporânea

Acreditamos que essa dificuldade de lidar com perdas não é vivida da mesma forma em todos os tipos de sociedade, e por isso é importante entendermos como isso se constrói na contemporaneidade. Assim, nos perguntamos: a questão do imediatismo vivido hoje influência diretamente nas nossas relações e na forma que lidamos com nossas perdas e nossas dores? E nosso luto? Como vivemos, processamos e o elaboramos? Será que há algo na sociedade atual que intensifica essa dificuldade de lidar com a dor e o luto?

image

São estas questões que nos propomos a pensar. Mas o fato é que no contexto clínico, podemos encontrar um espaço para expressão de sentimentos, para acolhimento da dor e quem sabe do encontro de novas possibilidades e (re)significações.