A Violência doméstica contra a mulher é uma violação dos direitos humanos. Se pensarmos no lugar ocupado pela mulher numa sociedade machista podemos pensar que sua inserção na sociedade e na família ainda ocorre de forma subordinada. Se pensarmos em não polarizar os papéis no lar e defini-los como vítimas e agressores, podemos olhar para as mulheres agredidas e quem sabe encontrar possibilidades de enfrentamento.
Ao ouvirmos o depoimento de algumas mulheres, quem sabe outras que estejam na mesma situação se inspirem a também mudar suas vidas… denunciando e colocando fim a situação de violência.
Relato de alguns casos:
A. P. 50 anos, foi espancada pelo marido por quase 20 anos. Agressões físicas e verbais faziam parte de rotina da aposentada. Hoje ela não tem vergonha de admitir que foi vítima de violência doméstica. Mas até tomar a decisão de denunciar o companheiro à polícia, Alice teve que superar o constrangimento e a humilhação.
Os abusos aconteciam na presença dos filhos e em locais públicos. Além disso, A. não tinha o apoio da família. Os parentes do marido eram a favor dele. Conta que as agressões começaram quando ela descobriu que o marido a traía. Depois disso, as humilhações tornaram-se constantes.
Ela diz:
– Eu apanhava todos os dias. A agressão era física e psicológica. Ele me ameaçava o tempo todo. Se eu não parasse de gritar, ele me mataria. E ele tinha uma arma em casa. Teve um dia que ele me agarrou de bruços na cama, passou o braço pelo meu pescoço e se deitou sobre mim com toda a força, fiquei sem respirar e com a coluna quase fraturada. Fiquei com de marcas roxas pelo corpo inteiro. E o pior: meus filhos assistiam tudo o que ele fazia comigo – revela Alice ressaltando que o marido ficava mais violento depois que bebia.
Em outros relatos ouvimos:
– Ele é uma pessoa que fica valente quando bebe. O comportamento fica agressivo e autoritário. Sei que ele é um bom marido, mas a bebida destrói a vida dele e também a minha. Eu já tive que procurar a polícia porque ele estava tão bêbado e violento demais. Meu medo era que ele pegasse alguma faca – conta a dona-de-casa, de 31 anos.
O. R. 44 anos, conta que foi espancada por 12 anos pelo marido. Durante esse período, ele ainda tentou queimá-la enquanto dormia. O motivo foi o fato de ela ter se negado a ter relações sexuais com ele.
Geralmente ele é bom, responsável, carinhoso. Depois de alguns meses, ele explode. Muitas pessoas dizem que devo me separar. Eu também acho, porque trabalho, tenho meu dinheiro, mas não estou preparada . Eu o amo e preciso tentar pelo menos mais uma vez. Sua infância foi conturbada e sei que tem questões a resolver dentro de si. Acho que ele sofre de algum transtorno de personalidade e precisa ser tratado – completa ela.