Existem duas leituras a respeito do estabelecimento de um nome na vida de uma pessoa: uma delas é a determinista, que fala que os nomes próprios são impressos na subjetividade, criando um certo elo, uma prisão do sujeito com uma característica já imposta pela família. Esta, por sua vez, traça destinos para um ser, antes mesmo da sua origem.
Outra maneira é a aberta, a novidade, na qual a pessoa tem liberdade para experimentar. Ela inicia algo com seu nascimento e depois apropria-se do seu nome, ao seu modo, seguindo o caminho da autonomia.
Nomes próprios: cada cultura, um critério
Um movimento contrário ao nosso, na ideia de denominação dada num período da vida que irá solidificar relações e pensamentos, é visto em tribos africanas, nas quais os nomes próprios são estabelecidos apenas quando certas características marcantes do indivíduo se manifestam e são percebidas pelos outros integrantes do grupo.
Em certas tribos indígenas, os nomes próprios mudam de acordo com as transformações na personalidade dos índios, conforme as sucessão das fases da vida.
A busca do significado dos nomes próprios é muito válida, levando-se em conta que a pessoa é fruto das relações entre seus parentes. Os mitos, os conceitos, a moral concernentes a essas pessoas são passados de geração em geração e são impressos na designação de cada integrante.
As pessoas usam nomes de acordo com o contexto histórico e geográfico em que vivem. A decomposição de nomeações tradicionais é um movimento individual ou social de abandono às normas de um sistema vigente. O casamento é um exemplo de abandono ou perpetuação, fortalecimento de nomes e sobrenomes da família.
Funções simbólicas dos nomes próprios
Zittoun aponta quatro funções simbólicas relacionadas à escolha do nome:
1) Sinal de pertencimento a um grupo ou identidade
2) Espaços imaginários, fantasias associadas a um nome
3) Projetos ou representações futuras das crianças
4) Um prolongamento afetivo e corporal, objetos simbólicos com som, forma, ritmo
Alguns exemplos de como as pessoas seguem destinos marcados pelos seus nomes e como esses nomes podem influenciar sua vidas profissionais:
Geraldo Augusto: médico sanitarista, que recebeu o nome de seu pai, também médico e com o mesmo nome.
Lutero: pastor que recebeu o nome de sua mãe, que ansiava vê-lo seguir a vida religiosa.
Benito Mussolini Neto: campeão panamericano de judô, diz que quer conquistar o mundo na sua categoria.
Dentro da dinâmica familiar, entendemos por que os nomes próprios revelam desejos, poder e hierarquia daqueles que nos antecedem e perpetuam motivações, crenças e padrões de lealdade. Os filhos provam sua fidelidade aos pais, cumprindo as missões que lhe são encomendadas. Isso também gera um sentimento forte de culpa – não é raro uma geração ignorar a delegação de um dever, que será concretizado pelos netos.
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