A procura ativa por uma doença em pessoas ainda sem sintomas é chamada de rastreamento e, para que uma determinada moléstia mereça ser rastreada, deve preencher alguns requisitos, como representar um problema de saúde pública; ter um período inicial assintomático; possibilitar um exame diagnóstico fácil e barato e tratamento apropriado e, finalmente, existir evidência de que o tratamento precoce diminua complicações.
Agora, vamos entender por que a deficiência de vitamina D, ao contrário do que vem sendo feito, não é uma condição que mereça rastreamento universal.
Insuficiência de vitamina D
A prevalência de insuficiência ou deficiência de vitamina D depende de diversos fatores. Fontes alimentares e exposição solar são importantes para níveis adequados dessa substância no sangue.
Por exemplo, em locais de clima temperado, com inverno bem evidente, existem relatos de que até 70% das pessoas possam ter insuficiência ou deficiência de vitamina D. Contudo, não podemos considerar essas altas taxas como problema de saúde pública, já que grande parte da população não apresenta nem apresentará doenças relacionadas a isso.
Isso quer dizer que não estamos lidando com doentes assintomáticos. Algumas pessoas, simplesmente por motivos genéticos ou étnicos, têm níveis de vitamina D mais baixos e isso não é um problema, segundo os diferentes estudos disponíveis até o momento.
Também, ao contrário do que se imagina, a dosagem da vitamina D não é simples nem barata. Vários laboratórios não utilizam métodos modernos como LC/MS e HPLC para dosar a 25 hidroxivitamina D, já que são mais caros e pouco disponíveis. Isto quer dizer muitos exames utilizam metodologia menos confiável, mais sujeita a erros e com pontos de corte mal estabelecidos. Dessa maneira, quando o exame não é confiável, o diagnóstico também não é.
Com relação ao tratamento, atualmente no mercado nacional, temos disponíveis apresentações de vitamina D por via oral na forma de óleo (gotas) ou comprimidos. Contudo, o tratamento não é barato. Para um paciente com deficiência de vitamina D, que necessite usar 50.000 UI por semana, o tratamento por dois meses custará cerca de 200 reais.
Aqui chegamos a um ponto interessante. Muito do modismo da vitamina D foi propagado pela indústria farmacêutica, que viu um ótima oportunidade de vender um “remédio” para quem não é doente. Por fim, todos os estudos em que se rastreou deficiência de vitamina D, os pacientes tratados não apresentaram grandes benefícios. Não houve redução de mortalidade, infecções, câncer, doenças cardíacas e vasculares, metabólicas ou imunológicas.
Até o momento, o tratamento com suplementação de vitamina D só se mostrou útil na prevenção de quedas em idosos e no tratamento da osteoporose. Isto quer dizer que é bobagem dosar vitamina D? Não. Quer dizer que é um exame que a maioria das pessoas não precisa fazer, porque não há evidência de que vá se beneficiar.
A dosagem em quem não precisa gera custos desnecessários em consultas, faltas ao trabalho, exames e tratamentos. E quem precisa dosar a vitamina D? Pacientes idosos, acamados, com história de doenças ósseas ou fraturas e com baixos níveis de cálcio.
Alguns outros grupos também podem precisar dosar, como pacientes que realizaram cirurgia bariátrica, por exemplo, conforme avaliação médica. A vitamina D tem função hormonal e interage com outros hormônios reguladores do metabolismo do cálcio. Logo, se você tem dúvidas se precisa fazer o exame ou se precisa receber tratamento, procure um endocrinologista.
Fonte: www.drmateusendocrino.com
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