Cirurgiões britânicos conseguiram fazer um transplante de coração após o órgão parar de funcionar. A inovação tecnológica testada em seres humanos, há alguns meses na Austrália, e mais recentemente no Reino Unido, promete aumentar significativamente o número de transplantados. O procedimento foi realizado no Papworth Hospital, em Cambridge, na Inglaterra.
Até então, os órgãos transplantados eram originados apenas de pacientes com morte encefálica (ausência total e definitiva da atividade cerebral), limitando o número de potenciais doadores. Especialistas explicam que o coração é um órgão que apresenta uma dificuldade particular. Assim que ele para as suas funções o fluxo de sangue é interrompido, privando o oxigênio das células e provocando necrose. Além disso, o coração pode estar danificado.
Método utilizado
Em entrevista para o jornal francês Le Figaro, o médico e responsável pela equipe que realizou o primeiro transplante de um coração “parado” da europa, dr. Stephen Large afirmou que após muitas pesquisas foi possível constatar que o coração ainda pode ser utilizado por 30 minutos após a sua parada. O especialista afirma que a técnica pode aumentar o número de transplantes em até 25% .
De acordo com o dr. Large, “a morte é relatada cinco minutos após a cessação do batimento cardíaco. De lá, o corpo é levado para a sala de cirurgia, onde precisamos de cerca de seis minutos para reiniciar o coração“, explica.
Transplantes de coração no Brasil
Segundo dados do Ministério da Saúde, os transplantes de coração no Brasil tiveram um aumento de 60% entre 2010 e 2013. Os médicos brasileiros utilizam dois tipos de técnicas de transplante de coração. Ela pode ser clássica, quando uma parte do tecido do antigo coração é deixada no corpo e coloca-se o novo ou bicaval, quando todo o tecido do órgão comprometido é retirado.
Lista de espera
Levantamento do Ministério da Saúde demonstra que o Brasil reduziu a quantidade de pessoas que aguardam por um transplante de órgão, nos últimos cinco anos. De acordo com dados do primeiro semestre de 2014, 37.736 pessoas estavam na lista de espera, contra 64.774 em 2008 – o que representa uma queda de 41,7%.
Essa redução está associada ao aumento de doadores efetivos no país, que subiu de 1.350, em 2008, para 2.562, em 2013, representando crescimento de 89,7%. No mesmo período, também houve crescimento do indicador de doador por milhão de habitante, passando de 5,8 para 13,4, representando incremento de 131%. A expectativa é que o país alcance a meta de 14 doadores por um milhão de habitantes.
Segundo o órgão, atualmente, 56% das famílias entrevistadas em situações de morte encefálica aceitam e autorizam a retirada de órgãos para a doação. Para o ministério, esse percentual pode ser ainda maior, permitindo a realização de mais transplantes. O Brasil é o país latino-americano com maior percentual de aceitação familiar, ficando acima da Argentina (52,8%), Uruguai (52,6%) e Chile (51,1%).
Referência mundial no campo dos transplantes, o Brasil realiza 95% dos procedimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se do maior sistema público de transplantes do mundo. Importante ressaltar que o país se destacou mundialmente em número e em qualidade de registro de doadores voluntários de medula óssea, passando de 30 mil doadores para 3,2 milhões de doadores nos últimos dez anos.
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