Gestante

Supermãe: não é preciso ser nota 10 em tudo

Por Redação Doutíssima 07/05/2015

A vida moderna, ao mesmo tempo em que liberta a mulher, dando-lhe condições de ser independente, também pode aprisionar. Com a liberdade, vem o medo de não conseguir dar conta de tudo. E isso inclui a maternidade. Parece que todas precisam ser aquela supermãe, onipresente, que não podem falhar nunca e, com isso, sofrem.

Mas essa mãe dotada de superpoderes não existe e nem precisa existir. Por isso, é importante relaxar. O conceito de supermãe pode ser outro, como ensina diz o psicólogo hospitalar Stéphan Ratzke, do Hospital Madre Regina Protmann, de Santa Teresa (ES).

“Supermãe é aquela que se considera fundamental na vida do filho, mas cria oportunidades para o diálogo e espaço para que ele faça escolhas de forma gradativa”, diz.

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Fuja da ideia de ser perfeita em todas as suas atitudes como mãe. Foto: iStock, Getty Images

Segundo o especialista, esse conceito se estende à medida em que a mulher permite que a criança opine, mesmo que o sentimento seja diferente do dela.

A longo prazo, esse comportamento reflete positivamente no desenvolvimento da criança, que conquista segurança e tem seus lados emocional e psicológico fortalecidos, o que impede o desencadeamento da ansiedade e dos medos.

As cobranças da supermãe

Tendo em mente que precisa permitir tudo isso aos filhos, sem poder falhar, a mãe pode entrar em um ciclo extremo de autocobrança. “Faz parte do processo da sociedade atual marcada por angústias, ansiedade e insegurança. Esse perfil faz com que a mãe saudável ou a mãe amiga, passa carregar para si atribuições sem obter limites”, comenta Ratzke.

Assim, a mãe passa se cobrar sem sequer ter tempo de fazer algo: “se eu não fizer isso para meu filho, vai acontecer isso”; “se eu não cuidar direito do meu filho, as pessoas vão falar de mim”, ou “meu marido vai brigar comigo.” São pensamentos que causam angústia e sofrimento.

Dessa forma, diz o psicólogo, todo seu papel de mãe passa ser “não saudável” o que gera uma atuação insegura, passando a desempenhar seu trabalho para os outros e não para o filho, o que seria o objetivo.

Ratzke entende que, hoje, a real necessidade de se tornar uma supermãe é atender às necessidade de uma sociedade que cobra e de uma insegurança instalada no desempenho das tarefas como mãe e, por fim, no medo de ser julgada.

Para ele, a cobrança extrema precisa ser descartada para que a relação mãe e filho seja saudável. O importante é passar segurança para a criança, deixar sentir que a figura materna é a fonte de apego e de um bom desenvolvimento biopsicossocial e cognitivo, dando autonomia ao explorar o ambiente. “As mães precisam se preocupar em curtir o filho e acompanhar seu crescimento”, afirma.

Quando ser supermãe não é saudável

Ser supermãe pode não ser saudável quando passa a impedir o crescimento do filho. Quando a mãe passa a fazer cobranças ou exigir demais de si própria, não admite que não possa faltar algo, ou que nada possa sair diferente do que ela planejou na educação dos filhos.

Isso gera o que se chama de imagem distorcida. “Sempre pensando em fazer tudo e dar tudo, deixando de lado o aconchego com harmonia e prazer de estar por perto”, explica Ratzke.

Para o especialista, livrando-se de cobranças excessivas e consequentes frustrações, a supermãe de verdade precisa ser parceira, segura ao educar seus filhos, ouvinte e acolhedora. “A mãe precisa mesmo é ser mãe”, finaliza.

 

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