A lavagem intestinal ainda é uma prática comum em casos de parto normal. Mas o procedimento vem sendo revisado por profissionais e órgãos da saúde, baseados em estudos que a consideram desnecessária.
Também conhecida como enema ou enteroclisma, a lavagem intestinal é um procedimento que visa remover do intestino resquícios de matéria fecal. A introdução de água no reto permite a limpeza do intestino e serve de preparação para procedimentos cirúrgicos ou para remoção de resíduos que causam gases.
A razão para este procedimento ser introduzido no preparo pré-parto é evitar infecções caso as fezes entrem em contato com o bebê. Ao fazer força para empurrar a criança na hora do parto, o intestino pode trabalhar juntamente, tentando eliminar fezes. No entanto, nem sempre isto ocorre.
A polêmica da lavagem intestinal antes do parto
O uso rotineiro da lavagem intestinal aparece no Guia Prático de Assistência ao Parto Normal publicado pela Organização Mundial da Saúde de 1996 como um procedimento ineficaz e desnecessário. O documento explica que a prática ainda é largamente utilizada por indícios não comprovados de que estimula as contrações uterinas devido ao intestino vazio.
Ainda que não haja comprovação de que a lavagem intestinal tenha esse efeito, o procedimento é incômodo e apresenta um certo risco de lesão no intestino. O relatório ainda cita que em dois estudos científicos não foram percebidas diferenças significativas entre casos de infecção quando ocorreu a eliminação involuntária de fezes em casos de partos, com ou sem lavagem intestinal.
E mais: segundo o médico Renato de Oliveira, ginecologista, a lavagem intestinal pode trazer mais risco de contaminação do bebê devido aos resquícios de água e fezes que podem permanecer no intestino. Ou seja, por estarem em estado líquido, são mais facilmente liberados durante o parto.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também se posiciona contra a necessidade da lavagem intestinal antes do parto normal. Na cartilha “O modelo de atenção obstétrica no setor de Saúde Suplementar no Brasil: cenários e perspectivas”, de 2008, a ANS diz que não há estudo, nem evidências que justifiquem a lavagem intestinal no trabalho de parto e desencoraja esta prática.
Fazer ou não fazer a lavagem intestinal
Um parecer sobre a prática é unânime entre todas as fontes consultadas: a lavagem intestinal causa desconforto nas pacientes. Portanto, o procedimento deve ser encarado como opcional, onde a opinião do médico e da paciente devem ser levados em conta.
Se a paciente desejar fazer a lavagem intestinal antes do parto e o médico permitir, o procedimento pode ser feito sem problemas contanto que o hospital e os profissionais em atendimento estejam preparados para isto. É importante, no entanto, avaliar se há mesmo a necessidade desta prática.
É fundamental conversar com o seu médico sobre isto antes do momento do trabalho de parto. Estar preparada e ciente de tudo que envolve o nascimento do seu filho é muito importante para se manter tranquila e confiar nos profissionais responsáveis por trazer o bebê ao mundo.
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