Menos mulheres têm morrido a cada ano no Brasil em decorrência da mortalidade materna, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido, como afirma a coordenadora de Saúde das Mulheres, do Ministério da Saúde, Esther Vilela.
Mortalidade materna, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é toda morte ocasionada por problemas ligados à gestação, ao parto ou ocorridos em até 42 dias depois do nascimento da criança. Para a OMS, é aceitável o índice de até 20 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos.
Esse índice é considerado médio se estiver entre 20 e 49 mortes. Passa a ser alto, entre 50 e 149 mortes e muito quando é acima de 150 óbitos. No Brasil, a taxa oficial desse tipo de mortalidade é de 75 óbitos de mulheres para cada 100 mil nascidos vivos.
No entanto, sabe-se que esse dado não traduz a realidade, pois nem todas as mortes têm registros ligados às suas causas.
Mortalidade materna no Brasil
No ano de 2013, 1567 mulheres morreram no Brasil por complicações no parto, durante ou após a gestação, ou ainda ocasionadas pela interrupção da gravidez.
Segundo informações de Esther publicadas pela Agência Senado no site do Ministério da Saúde, os fatores que colaboram com os registros da mortalidade materna nem sempre estão ligados a uma doença específica.
“Porque ela peregrinou, porque ela foi negligenciada, porque houve demora no seu atendimento, porque houve más práticas de atenção ao parto e nascimento”, afirma a coordenadora do Ministério da Saúde.
Estudiosos apontam outras causas, como a alta taxa de cesarianas, o grande número de intervenções desnecessárias e o treinamento precário, ou mesmo, a falta de preparo de equipes especializadas. Sem falar na proibição do aborto. Pois, muitas mulheres procuram atendimento clandestino para interromper a gravidez, o que, em muitos casos, resulta em morte.
Dados do Ministério da Saúde dão conta de que, hoje, o Brasil registra 62 casos a cada 100 mil nascimentos. A meta determinada até o fim de 2015 pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), da ONU, era chegar a uma taxa de 35 mortes por 100 mil nascimentos.
Desde 1990, a taxa caiu quase pela metade, no entanto, a redução não será suficiente para que se consiga cumprir a meta.
Segundo informações divulgadas em relatório da OMS sobre a questão da mortalidade materna, a taxa média da ocorrência de mortes em países desenvolvidos era de 16 em 2003, enquanto em países em desenvolvimento pulava para 230.
Acompanhamento diminui mortalidade materna
Mesmo com a forte medicalização do parto, há registros elevados dos índices desse tipo de mortalidade no Brasil.
Especialistas dizem que o percentual de acompanhamento pré-natal aumentou bastante, o parto é hospitalar e tem o envolvimento de profissionais habilitados. O desafio, portanto, é com a qualidade de todo o atendimento.
No Brasil, a cobertura de atendimento pré-natal beneficia 91% das gestantes e 98% dos partos são feitos em hospitais.
Porém, são dados que não correspondem com as taxas de mortalidade materna ainda altos. Por isso, essa falta de sintonia sugere a ausência de um atendimento pré-natal e ao parto de pouca qualidade.
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