No Dia Mundial de Combate à AIDS, primeiro de dezembro, uma boa notícia: os casos de óbito caíram 16% em quatro anos em todo o território brasileiro. Os dados são do Ministério da Saúde, divulgados em novembro. A luta contra a doença que interfere na imunidade dos pacientes perdura trinta anos no Brasil e, mesmo com tantos avanços graças às informações divulgadas sobre o assunto, os portadores ainda sofrem muito preconceito.
Mas como a única forma de combater a discriminação é através do conhecimento, fizemos 6 perguntas ao Dr. Paulo Olzon, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sobre o vírus HIV e a doença AIDS em si.
Dia Mundial de Combate à AIDS: 6 perguntas respondidas sobre HIV
Qual é a diferença entre AIDS e HIV? Por que as pessoas geralmente confundem uma coisa com a outra?
HIV é o vírus da imunodeficiência humana e a AIDS é a síndrome, a doença. Então, existem pessoas que são portadoras do vírus, mas ainda não desenvolveram a doença que prejudica a imunidade, essas são portadoras de HIV. Pacientes com AIDS são aqueles que já passaram pelo processo de incubação do vírus, ou seja, já têm a doença. O tempo de incubação pode variar de 2 a 10 anos, dependendo de uma série de fatores. Depois do diagnóstico, o tratamento é fundamental para ambos os casos, mas principalmente para aqueles que já desenvolveram AIDS.
Como se transmite e como não se transmite HIV?
O vírus da imunodeficiência é, comumente, transmitido através do contato sexual em relações desprotegidas, do uso de agulhas contaminadas para o uso de drogas injetáveis ou transfusão de sangue contaminado. O uso de camisinha é fundamental para prevenir o contágio pela doença. Não existe possibilidade de contaminação que não seja dessas três formas. Por isso, não há motivo para preconceito, tanto com portadores do vírus HIV, quando com pessoas que desenvolveram a doença.
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É possível transmitir o vírus mesmo sem desenvolver a doença? Por que isso acontece?
Sim, mas são duas coisas diferentes. Existem pessoas portadoras de HIV que acabam tendo relação sexual desprotegida ou fazendo uso de agulha comum e passam o vírus para outra pessoa. Como o período de incubação da doença varia de paciente para paciente, muitos ainda nem sabem que têm a doença, por isso, que as medidas preventivas são tão importantes. Ainda, é possível a pessoa ser portadora do vírus e, dependendo da sua imunidade, ser submetida a um tratamento antirretroviral e não desenvolver a doença. A principal forma de fazer o diagnóstico é através do exame de sangue, capaz de identificar o vírus
Quais são os principais sintomas da doença e por que eles variam tanto?
Os sintomas, geralmente, aparecem na fase precoce. São eles: febre e aumento de gânglios pelo corpo. Em alguns casos, o paciente pode não apresentar nenhum sintoma. O sinal que aparece quando há uma queda da imunidade, e o paciente ainda não desenvolveu a AIDS, é a herpes zóster. Essa complicação é caracterizada pelo surgimento de bolhas dolorosas e avermelhadas na pele.
Como se trata de uma doença que reduz a imunidade, você pode apresentar várias complicações, inclusive simultâneas, como a tuberculose, a toxoplasmose cerebral (infecção do cérebro por um parasita), pneumonias diferentes da comum, diarreia e alguns linfomas (inchaço dos gânglios do pescoço, virilha e axilas).
Os quadros são bastante variados porque o sistema imunológico de cada um é único. Mas é comum que o paciente apresente vários sinais de uma só vez, ou então, conforme vá tratado um específico, outro já apareça. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante, para que não aconteça essa queda tão brusca na imunidade, favorecendo o surgimento dessas outras complicações oportunistas.
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O Ministério da Saúde apontou para uma redução de 16% dos casos de óbitos por AIDS no Brasil durante os últimos quatro anos. Levando em consideração esses dados, quais são os fatores responsáveis por essa redução?
Acredito que a redução se deva, principalmente, à realização do diagnóstico precoce. Mas outras condições que influenciaram nessa boa notícia são: a garantia do tratamento para todos, a ampliação do acesso ao exame de sangue para o diagnóstico e o encurtamento entre a confirmação do diagnóstico e o início do tratamento com retrovirais.
Quais são as doenças mais comuns capazes de levar pacientes portadores de HIV à óbito? E qual é o porquê delas serem as mais recorrentes?
Quando a pessoa não tem a defesa do corpo como deveria ter, devido ao ataque do vírus HIV ao sistema imunológico, ela pode apresentar várias doenças oportunistas. E dependendo da gravidade, se não tratar dessas complicações, pode vir à óbito. A mais perigosa é a toxoplasmose cerebral, ou seja, a infecção do cérebro por um parasita. Também pode surgir a meningite por fungo, que é a inflamação das membranas que revestem o cérebro e medula espinhal, a pneumonia severa e o linfoma, que é um tumor maligno do sistema linfático.
De um modo geral, as complicações que surgem pelo desenvolvimento da doença são graves. Há algumas outras menos relevantes, como o sapinho na boca. Hoje, os pacientes não costumam correr tanto perigo de morrerem porque os quadros graves são identificados e diagnosticados logo. Mas na década de 80, uma infinidade de pessoas morreram com muito sofrimento, por conta dessas complicações mais graves.
https://fortissima.com.br/2016/02/22/pacientes-passam-a-desenvolver-resistencia-a-remedio-anti-hiv-14825122/