Olá! Este é meu primeiro texto no site, e por isso optei por explicar o que um oncologista clínico faz, sem muitos rodeios. Complexo como é, o tratamento do câncer tem que ser multidisciplinar. São várias as áreas médicas, como o oncologista clínico, o cirurgião, o especialista em dor, o radioterapeuta, entre (muitos) outros. Existem também as áreas que não são médicas, mas igualmente importantes: enfermagem, fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, psicologia, farmácia… certamente estou esquecendo algumas e por isso peço perdão antecipadamente.
Competências médicas
Irei ater-me às competências médicas. A primeira causa de confusão está relacionada às nossas capacidades cirúrgicas. O fato é que não somos cirurgiões. O oncologista clínico se atém a direcionar o tratamento sistêmico do paciente. Em outras palavras, todo o tipo de recurso que irá afetar o organismo como um todo, não uma área específica do corpo humano. Isso nos diferencia do cirurgião ou do radioterapeuta, cujas competências são principalmente em controlar a região doente da pessoa. Arrisco-me em ser muito simplista nessa definição, mas por hora basta.
Tratar todo o organismo de um paciente envolve principalmente medicações. A quimioterapia é a mais conhecida. Trata-se da prescrição de fármacos voltados para cada tipo de doença, e administrados em forma de um “soro” pela veia. O processo em si não tem segredos. Outros remédios que podem administrados da mesma maneira são as drogas alvo (ou agentes moleculares, ou agentes biológicos… os nomes são inúmeros), que são medicações muito mais novas, avançando a passos largos no conhecimento científico médico. Também fazemos uso de imunoterapia e hormonoterapia. Alguns desses tratamentos são comprimidos, outros são injeções. Deve-se notar que a via de administração não é tão importante quanto o conhecimento necessário na hora de se decidir QUAL modalidade se lançará mão.
O tratamento oncológico
Todos sabemos que tratamentos oncológicos tem seu custo em termos de efeitos colaterais e qualidade de vida, por isso a decisão do tratamento nunca pode ser feita de maneira inconsequente. É por isso que essa é uma especialidade que demanda muito estudo durante a formação e principalmente (e mais difícil) DEPOIS de formado, pois é uma das áreas que mais mudam e evoluem com o passar do tempo, e admito que por vezes é muito difícil estar atualizado em tudo a todo o tempo
Por fim, mas não menos importante, uma atribuição que eu vejo, e particularmente procuro assumir, é a de ser um ponto de referência ao paciente.
Não são raras as pessoas que passam por três, quatro, cinco especialistas no decorrer de seu tratamento. Esse elevado número de médicos normalmente causa uma confusão importante na já fragilizada mente do indivíduo. Na hora da crise, fica muito difícil saber quem procurar: o cirurgião? O radioterapeuta? O oncologista? Em geral, por estar acompanhando o paciente de perto com mais frequência que os colegas, em especial nos períodos de quimioterapia, o oncologista consegue “gerenciar” a situação com mais facilidade. Obviamente não saberemos como operar alguém com uma complicação, mas com frequência iremos saber como devemos nos portar frente a um problema, e isso nos momentos difíceis faz toda a diferença.