Não importa se elas vêm de uma campanha de serviço público ou de um comercial farmacêutico, as mensagens sobre a depressão acabam sendo sempre a mesma: converse com o seu médico. Mas uma nova pesquisa levanta a questão se isso pode ser mesmo a solução, se funciona de verdade ou não.
Cerca de uma em cada 10 pessoas relatam sintomas de depressão em algum momento de suas vidas. Mas os clínicos gerais podem não estar bem equipados para diagnosticar ou tratar a condição comum: menos de 3 por cento dos atendimentos ambulatoriais incluem triagem para isso, de acordo com dados nacionais dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
E tem mais: um em cada quatro pacientes deprimidos que visitam um médico de cuidados gerais permanecem sem diagnóstico no final da sua consulta.
Apontando o dedo
Uma parte da culpa cai sobre o seu médico e do sistema médico em geral. “Nem todos os médicos reconhecem que a depressão pode se manifestar de diferentes maneiras, como fadiga, dor crônica, ou especialmente em homens, irritabilidade”, diz Richard Kravitz, professor de medicina interna na University of California Davis School of Medicine.
A formação médica normalmente foca nos cinco minutos de diagnóstico físico – e o seu médico ainda pode nem ter tempo de explorar suas emoções depois de checar a sua pressão arterial e abordar as suas principais queixas, diz Philip Muskin, professor psiquiatra do centro médico da Universidade de Columbia. Mesmo que ele suspeite que seus sintomas físicos tenham origens psicológicas, seu médico pode ter medo de ofendê-lo trazendo o problema à tona.
Essa preocupação faz sentido “A depressão carrega o estigma; muitos pensam que transmite fraqueza,”diz o Dr. Kravitz. “Alguns pacientes pensam que os problemas de saúde mental são fora do domínio de atenção primária e não querem distrair o médico do tratamento de suas condições físicas.”
Por outro lado, os médicos de cuidados primários, às vezes, puxa o bloco de receitas rapidamente. Em um estudo que o Dr. Kravitz publicou no jornal da Associação Médica Americana, 3% dos pacientes sem depressão e até 10% dos pacientes com depressão leve foram prescritos antidepressivos.
Seu guia para obter ajuda
Então, como você pode ajudar o seu médico? Nesse mesmo estudo, o Dr. Kravitz descobriu que os pacientes que foram informados sobre a depressão antes de uma consulta médica estavam mais propensos a receber uma recomendação de tratamento.
Se você acha que pode estar deprimido, você pode se informar sobre os sintomas no site da Associação Americana de Psiquiatria. Enquanto alguns são graves, como o pensamento de ferir a si mesmo ou outros ou mesmo cometer suicídio precisam de atenção imediata, outros sinais são muito mais discretos: ficar infeliz pela maior parte do dia, beber mais, perder o interesse no namorado(a) e nos amigos, ter problemas para dormir, flutuação de peso e problemas de concentração. Na verdade, as pessoas ao seu redor podem começar a perguntar o que está errado. Se eles fizerem isso, preste atenção.
Uma vez que você está na consulta, explique o que você sente detalhadamente e pergunte ao seu médico se pode ser depressão. “A resposta pode ser um “não”, mas o simples ato de perguntar pode sinalizar seu médico uma questão a ser explorada mais profundamente.” acrescenta o Dr. Kravitz.
Se a resposta for sim, comece com um encaminhamento para um psiquiatra. Médicos de cuidados primários não fazem terapia, nem sabem muito sobre como antidepressivos como um especialista. E apesar de psicólogos e assistentes sociais serem procurados pra terapia também, eles não são autorizados a prescrever. “Ter as opções a frente só vai te ajudar a descobrir o melhor caminho para ação, afinar o seu tratamento pode evitar efeitos secundários quando você voltar ao seu estado normal feliz”, diz o Doutor Muskin.