Para alguns pais, a hora da refeição do filho é um desafio. Muitas vezes, não é na primeira tentativa que os pequenos aceitam comer o feijão, o brócolis, a cenoura, a fruta, ou o que mais for oferecido. No desejo de que a criança tenha uma boa nutrição, é possível que se crie um ambiente de angústia, tensão, ansiedade, reprovação e castigo sem que os pais percebam.
Para que o momento de sentar à mesa não seja a pior parte do dia para a família, confira dicas e estratégias para lidar com a reluta dos filhos.
Motivos da recusa em comer
De maneira geral, as crianças começam a recusar certos alimentos no início da vida escolar devido ao desenvolvimento maior de sua autonomia. Nesses casos, a hora do almoço ou jantar é um momento usado como uma ferramenta para chamar a atenção dos pais, mostrar a capacidade de decidir até mesmo negociar.
Segundo Priscila Maximino, especialista em nutrição infantil e nutricionista do Centro de Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi, do Hospital Infantil Sabará, para que os filhos comam é preciso que tenham a vivência com o alimento.
Para a profissional, as crianças aprendem através da família, mas muitas vezes os pais exigem hábitos e comportamentos que nem mesmo desenvolveram. “É preciso também aliar à expectativa, se perguntar se aquele tipo de alimentação imposta está de acordo com a realidade da família. O exemplo é fundamental”, destaca.
Priscila aponta a exposição repetida aos alimentos como a principal alternativa quando o filho se recusa a comer algo em específico. “Apresente-o de diversas formas para que se acostume, modificando a cada vez. Se ele não gosta de babatas, faça purê, cozinhe com carne, asse no forno”, aconselha.
Além disso, a nutricionista acredita que dar liberdade de escolha para a criança dentro da cozinha também pode ajudar. “Chame o filho para ajudar a colocar a mesa, lavar a salada, escolher os ingredientes da refeição. Isso é empoderamento infantil, eles têm esse potencial, isso também deve ser considerado pelos pais”, destaca.
A especialista afirma que a recusa dos pequenos também se deve a chamada neofobia, ou seja, o medo de alimentos novos, algo natural de toda criança. “Muitas vezes os pais desistem nas primeiras tentativas, o que não é aconselhado pois não mostra a real importância daquele alimento”, frisa.
Ainda, as experiências com outros sabores podem desencadear preferências e tornar a criança seletiva. “Por isso é importante ter o contato, principalmente com vegetais e frutas, desde bebê, a partir do 20° mês. Conforme o tempo passa, os pais precisam ficar alerta para continuarem a escolher o que o filho come, e não o contrário”, explica.
O que não fazer
De acordo com Priscila, o ideal é não forçar que o filho coma aquele alimento. Para ela, insistir demais, coagir, fazer chantagem, algo comum com doces não resolve o problema. “A criança não vai estabelecer relação natural com a comida, isso a impede de criar o hábito. Também não se deve mentir, dizer que aquilo é batata quando na verdade é cenoura, pois aí não existe respeito, não leva a criança a ter uma educação”, acrescenta.
A nutricionista também não aconselha os pais a deixarem os filhos comerem distraídos ou enganados, como assistindo televisão, ou até mesmo quando bocejam e a mãe leva a colher com o alimento à boca da criança.
Para a profissional, é preciso ver a importância da refeição em família, de aprender a comer certos alimentos desde a primeira infância. “É bem mais fácil prevenir o problema que remediar”, ressalta.
Gostou do artigo? Qual é a sua opinião sobre ele? Venha compartilhar suas experiências e tirar suas dúvidas no Fórum de Discussão Doutíssima! Clique aqui para se cadastrar!