O pai tem posição central no complexo de Édipo (explicado em outro post), e este complexo é a operação responsável pela estruturação do sujeito, determinando sua posição diante do Outro e diante da lei.
A função do pai está no centro do complexo de Édipo, e é por esse complexo que a estrutura psíquica se constitui. A filiação se estabelece por uma relação de linguagem, um ato de nomeação a partir do nome do pai, assim, o nome que a criança carrega em nossa cultura e que marca a sua filiação, é o nome do pai.A estrutura edipiana irá organizar o aparelho psíquico e a relação com a sociedade será marcada por essa ordenação.
Dentro desse complexo a função da mãe é fundamental, pois é pela palavra da mãe que se têm a lei do pai. O pai, porém, tem um lugar outorgado por Freud, um lugar de ordenador, que dita às regras, define a lei, proíbe a posse da mãe, e é ele quem abre a porta de entrada no Édipo e também que tem a chave de saída, é com ele que o sujeito vai se identificar, é ele que vai apontar a mãe como objeto de desejo e também marcar sua proibição, é ele que ta garante o nome das coisas e sua falta.
Lei e desejo
Ao processo de filiação, que para Freud apresenta a mesma estrutura em diferentes sociedades, foi atribuída a sobrevivência da espécie e da cultura. Para a psicanálise o estabelecimento do laço social na cultura e a inserção da criança no universo das leis e do desejo são iniciados por uma estrutura edipiana que promove a sua inscrição no social. A interdição, a censura, a castração são uma primeira função delegada ao pai pela cultura, um exercício legal da representação social da paternidade.
Segundo estudiosos, desde o direito Romano que o ordenamento jurídico organiza-se baseado na autoridade paterna, por força de autoridade paterna, e na sua ausência por um poder delegado operando em seu nome. A ordem jurídica é eficaz em sua função de ordenação social, pois estrutura-se enquanto linguagem, e é na estrutura da linguagem que a transmissão é possível, o pai transmite a palavra da lei e essa opera como ordenador.
Lei e sujeito
A posição do sujeito em relação à lei dependerá de sua resolução edípica, pois antes da lei da constituição, tem-se a lei do pai. É na estrutura do Édipo que as instituições jurídicas retiram seu poder e relevância social. Obedecer à lei pode ser um ato de filiação àquele a quem se outorga, simbolicamente, o lugar de um pai. O nome do Pai é um significante que dá esteio à lei e a promulga na estruturação psíquica do sujeito.
O pai como um ser simbólico e universal não deixa de nos tocar com a incidência de sua força, que estrutura nosso ordenamento psíquico na qualidade de sujeitos. O simbólico permanece fundamentalmente assujeitado à instância da linguagem, assim a filiação se desenvolve num nível simbólico, onde a instância do pai simbólico é a referência a Lei da proibição do incesto, Lei que prevalece sobre todas as regras concretas que legalizam as relações e trocas entre os sujeitos de uma mesma comunidade.
A dimensão do pai simbólico transcende a contingência do homem real, não sendo necessário que haja um homem para que haja um pai, onde o estatuto do pai simbólico pode ser remetido ao estatuto do Nome-do-Pai, basta que um terceiro, mediador do desejo da mãe e do filho, dê argumentos a esta função para que seja significada sua incidência legalizadora estruturante.
Nome e lugar
A nominação dá então ao sujeito um lugar, institui o sujeito num conjunto social, ordenado por regras e leis. A criança antes de nascer é falada no desejo dos pais, pelas leis da filiação, esta recebe um nome, que a concede um espaço na linhagem e uma moradia institucional, simbolizando um limite e uma referência, sendo instituída como tal pelo direito.
A cultura por sua vez, advém da proibição originária do incesto, é através desta proibição que é possível realizar a passagem da natureza a cultura. O incesto é um crime que se opõe a civilização e o mito do Édipo por abordar o incesto e o parricídio representa as fantasias do psiquismo humano, pois estas estão na base do complexo constituinte do sujeito.
Falar de Édipo é introduzir como essencial a função do pai, pois o pai não é um objeto real, o pai é uma metáfora, um significante que vem no lugar de outro significante, e é esse motor o único e essencial do pai enquanto interventor no complexo de Édipo. Recalcar o desejo do incesto e do assassinato é à base do direito à filiação simbólica. O papel desempenhado pelo Totem nas sociedades primitivas é o mesmo desempenhado pelo pai, que é o inimigo dos desejos sexuais inconscientes. Assim, para Freud, a função paterna é essencial, e o complexo de Édipo é o principal acontecimento para a criança, pois esta se constituirá como sujeito através dessa metáfora paterna.