A timidez é muito comum na infância e na adolescência, e, como toda questão que gira em torno das crianças, é uma questão delicada. A psicanalista Silvana Lunardi nos esclarece o que pode causar a timidez e ajudar a combatê-la:
“Para ajudarmos uma criança ou adolescente a lidar com sua timidez precisamos entender um pouco o que é a timidez. Precisamos nos colocar na pele de um tímido. A timidez surge em situações onde a criança precisa se expor ao olhar do outros, olhar que desencadeia nela a pergunta: será que estou sendo aprovado, assim como sou?
O tímido se sente transparente e vulnerável e, principalmente, é muito exigente consigo mesmo. A criança tímida deseja muito ser vista, aprovada e amada, mas pensa que esse amor e aprovação não são incondicionais : ela supõe que esses fatores exijam que ela seja excepcional, que nunca erre ou seja fisicamente perfeita. O nível de exigência do tímido é alto, e qualquer deslize no seu desempenho, performance ou qualquer minima imperfeição que ele suponha ter, tornam-se gigantes no olhar do outro.
As crianças tímidas geralmente vem de lares onde os pais também são muito exigentes – consigo mesmo ou com os filhos. Portanto, o primeiro passo para ajudarmos nossos filhos a ser menos tímidos é observarmos como lidamos com as nossas próprias exigências e quais palavras usamos para nos adjetivar quando erramos ou julgamos que não temos a imagem ideal. Qual pai ou mãe já não bradou um “como sou burro!” diante de uma falha? Qual mãe já não se avaliou numa foto com uma exclamação: “nossa, como fiquei feia!”?
Uma boa solução é poder rir um pouco de nossas próprias falhas, afinal, não existe ninguém perfeito no mundo. Outra, é não criar situações de comparação entre os filhos. Cada filho tem sua singularidade e deve ser valorizado por isso, e não pelo que ele não possui. Impor que os filhos compensem ideais inatingidos pelos pais, ideais de beleza ou de desempenho, seja do tipo que for, é um grande erro que deve ser evitado.
Tente criar em casa, entre a família, uma pequena apresentação de música, de dança, de teatro, de leitura de um poema ou qualquer outro objeto feito pela criança. A possibilidade do acolhimento e reconhecimento dessas produções, de forma carinhosa e incondicional, ajuda muito a criança a reconhecer o valor de seus atos independentemente das performances e a reconhecer a aceitação dos pais do seu jeito de ser.
As festas de fim de ano estão se aproximando, as famílias se reúnem mais neste período. É uma ótima chance de aproveitar esse período de forma criativa com seus filhos para passar-lhes confiança e calor incondicional.”
