Literalmente insubstituível, o fígado está no centro do espetáculo de uma série de processos vitais, tanto que, sem o órgão, retirado numa cirurgia ou danificado por doença, não se sobrevive em média por mais de cinco horas.
O fígado por dentro: uma alfândega natural
Com aproximadamente 2 quilos que se acomodariam na palma da mão, sem forma muito definida, o fígado pode ser comparado a uma alfândega. Suas células, especialmente as que recobrem os vasos, agem efetivamente como fiscais aduaneiros: revistam a bagagem do sangue, para separar o que merece e o que não merece ter livre trânsito no organismo.
Fígado e álcool
Mas, mesmo que parte do álcool, por exemplo, tenha recebido visto de entrada, nem sempre suas partículas devem se transformar em energia – algo que, às vezes, o organismo tem de sobra. Nesse caso, o fígado aproveita as partículas de álcool para construir redondas moléculas gordurosas, como uma espécie de provisão para eventuais períodos de jejum. Essa reserva fica estocada em depósitos situados, por exemplo, na altura da cintura
O processo, porém, pode levar até mais de 24 horas, pois o álcool é metabolizado um pouco de cada vez, à medida que o sangue atravessa o fígado, à velocidade de cerca de 2 litros por minuto. É bem verdade que um pouco de álcool que ficou para uma próxima rodada, circulando pelo corpo até alcançar novamente a glândula, acaba sendo queimado em outras regiões. Ainda quando isso ocorre, porém, o fígado não fica de fora da operação. Afinal, é quem envia às células o combustível necessário a essa espécie de fogueira bioquímica.
O poder da glicose
A entrega é feita ao gosto do consumidor, do modo que as células do organismo aceitam, ou seja, sob a forma de glicose – um açúcar solúvel em água, que o fígado fabrica a partir de ingredientes diversos, como os carboidratos do macarrão, os glicídios do chocolate, a lactose do leite.
No entanto, se esse trabalho se complica – ou porque a quantidade de bebida é grande ou porque o bebedor está se alimentando pouco, o fígado tenta contornar o problema, orientado pelos hormônios da glândula pancreática que regulam os níveis de açúcar no sangue.
Assim, as insolúveis moléculas de glicogênio guardadas nas suas células são convertidas em glicose, como se os hormônios pancreáticos retirassem um alimento da geladeira para consumo imediato. De fato, as células que formam o fígado armazenam uma série de substâncias para casos de necessidade.
Esse hábito preventivo se manifesta ainda no feto, quando a glândula começa a estocar, aproximadamente após o terceiro mês de gestação, algumas substâncias de que poderá precisar nos primeiros tempos de vida, por não estarem presentes, ao menos em quantidade suficiente, no leite materno. Eventualmente usado para metabolizar doses extras de bebida, o estoque de açúcar no fígado não dura muito, assegurando combustível apenas por um dia.
O fígado, porém, não pode deixar que falte energia ali onde ela é essencial – no coração e no cérebro, peças vitais da máquina humana. Por isso, para manter o organismo vivo, a víscera faz qualquer negócio: o recurso mais rápido é roubar proteína dos músculos, desmontando suas moléculas, cujos componentes: carbono, oxigênio e hidrogênio, serão recombinados de acordo com a fórmula da glicose (C6H12O6).
Como na velha dança-das-cadeiras, onde quem não senta cai fora do jogo, as partículas que não encontram lugar disponível no fígado são expulsas na correnteza do sangue, por uma veia larga, a centrolobular, que vai em direção, ao coração. As partículas rejeitadas fazem então uma longa volta por todo o organismo, até uma nova oportunidade, quando tornam ao fígado ou junto com o sangue oxigenado que o irriga ou com o sangue carregado de substâncias do intestino, do baço e do pâncreas.
Nessa competição metabólica não basta chegar primeiro: a quantidade também conta
Quanto maior o número de moléculas de uma dada substância, maior a probabilidade de encontrarem pausa nas células hepáticas. Assim, para cada vez mais cuidar do seu fígado, a alimentação é uma ferramenta essencial.
Abaixo, seguem algumas vitaminas e alimentos específicos nesse processo:
Vitamina A: A vitamina A é solúvel em gordura, absorvida e digerida (com o auxílio da bile) durante a digestão das gorduras. É necessária para a visão, boas funções imunológicas, pele e cabelos saudáveis, só para citar algumas. Boas fontes de vitamina A na alimentação incluem: leite desnatado, cavalinha (peixe), ovos inteiros e ostras.
Especialistas recomendam evitar as mega doses de vitamina A em suplementos, pois o excesso pode ser tóxico para o fígado (mais de 50 mui ou 15mil mcg/dia) e pode causar aumento do fígado e doenças.
Beta Caroteno: Acredita-se que o desenvolvimento de cirrose está ligado à atividade negativa de radicais livres. Radicais livres são substâncias produzidas pelo organismo, ao longo do dia e normalmente são “limpos” pelos antioxidantes.
Pessoas com cirrose possuem níveis baixos de beta caroteno, um poderoso antioxidante. Uma dieta com alto teor de betacaroteno pode ter um efeito protetor contra os radicais livres e pode reduzir o dano no fígado. Cenouras, batatas doces, espinafre e damasco seco, são excelentes fontes de beta caroteno.
Tiamina: Quando expostas ao álcool, as células intestinais não são capazes de absorver a tiamina, a não ser em altas concentrações, como em suplementos. Uma dieta rica em tiamina é importante, porém pode não ser suficiente para reverter a deficiência desta vitamina. Parar de beber e acrescentar a tiamina como suplemento prescrito pelo médico, pode auxiliar a normalizar os níveis de
tiamina no organismo.
Vitamina B6: O metabolismo do álcool pode levar a uma deficiência de vitamina B6, deslocando-a de sua proteína protetora, causando sua destruição. A vitamina B6 é importante para metabolizar às proteínas, para as funções mentais e produção de células vermelhas, entre outras funções. Pessoas que consomem álcool podem desenvolver uma deficiência desta vitamina e podem precisar de suplementação. Parar de beber e adotar uma dieta rica em vitamina B6, pode ajudar.
Vitamina B12: Na presença do álcool, a absorção da vitamina B12 fica comprometida. Pessoas com doenças hepáticas provocadas pelo álcool podem sofrer desta deficiência e requerem uma suplementação bem como uma dieta rica em vitamina B12.
Folato (Folacina): A presença do álcool faz com que o organismo solte a folacina na corrente sangüínea. Enquanto o nível de folacina aumenta, os rins reagem excretando-a através da urina, como se estivesse em excesso. O álcool também limita a ação de qualquer resto de folacina, impedindo a produção de novas células, especialmente as células que se dividem rapidamente nos intestinos e no sangue, causando deficiência com efeitos devastadores no sistema digestivo. Portanto, pessoas com doenças de fígado causadas pelo consumo de álcool podem precisar de suplementação de folato.
Fontes: vegetais verdes escuros, grão integrais, proteínas magras.
Vitamina D: O álcool faz com que as células do fígado se tornem ineficientes para ativar a vitamina D, possivelmente causando deficiência e aumentando o risco de osteoporose. Fontes de vitamina D: sardinhas, cavalinha, salmão, camarão e leite fortalecido. No entanto os suplementos de vitamina D podem causar mega doses e são perigosos para o fígado, principalmente se suas funções estiverem comprometidas. A suplementação de vitamina D superior a 1.800 IU ou 45 mcg/dia pode ser tóxica e deve ser evitada.
Discuta com seu médico a suplementação de vitaminas e minerais, sempre que for iniciar algum tratamento.
Alimentos que prejudicam o fígado
Excesso de álcool, gorduras saturadas e açúcar podem sobrecarregar as funções hepáticas. Em exagero, acabam se acumulando no tecido hepático dificultando cada vez mais o trabalho deste órgão que deixará de exercer suas funções no organismo desencadeando uma série de distúrbios metabólicos.
O fígado é um órgão de primordial importância, sendo a principal unidade de fabricação e armazenagem do nosso organismo e um dos responsáveis pela transformação das proteínas, dos açúcares e das gorduras que ingerimos.
Uma das causas principais para o desenvolvimento da esteatose é o consumo excessivo de bebidas alcoólicas (esteatose hepática alcoólica), o etanol quando ingerido é convertido em acetaldeído no fígado, um composto tóxico que vai gerar uma lesão nos hepatócitos, além disto, o excesso de gordura visceral e maus hábitos alimentares também podem ocasionar um fígado bloqueado.
Alimentos que auxiliam na DETOX do fígado
Esses alimentos ajudam na detox do organismo, no qual o principal órgão que faz esse trabalho é o fígado. Você pode combinar um alimente de cada grupo abaixo e montar seu próprio suco!
Vegetais: salsão, couve, nabo, agrião, espinafre, repolho, brócolis, couve flor, couve de bruxelas, pepino, erva doce, alcachofra.
Frutas: limão, abacaxi, maçã, melão, romã, uvas vermelhas e roxas, lima da persa, carambola.
Especiarias: gengibre, manjericão, hortelã, salsinha.
Chás: verde, branco, dente de leão, chapéu de couro, alcachofra.
Ervas: silimarina e chlorella.