Assim como a maioria dos procedimentos, o uso do balão intragástrico possui seus riscos, mas é um tratamento bastante usado na luta contra a obesidade
Atualmente, estão disponíveis diversos procedimentos terapêuticos para o tratamento da obesidade. Entre estes procedimentos, as abordagens cirúrgicas, sejam elas restritivas (método em que há uma diminuição na ingestão de alimentos) ou disabsortivas ( método em que o que se reduz é a capacidade de absorção do intestino), estão entre as mais eficazes a curto e médio prazo. Contudo, alguns pacientes, apesar da indicação, relutam em se submeter a uma cirurgia. Seria o balão intragástrico uma opção?
Como o balão intragástrico funciona ?
Para quem não conhece, o balão intragástrico é um balão macio que é colocado dentro do estômago do paciente através de endoscopia e enchido com 400 a 700 mL de solução salina (soro fisiológico). Este volume restringe o tamanho do estômago, causando saciedade. Apesar de amplamente disponível no Brasil, o balão intragástrico é visto com desconfiança nos Estados Unidos. Lá, seu uso é permitido somente dentro de ambiente de pesquisa.
Uso do balão intragástrico no Brasil
Segundo a RESOLUÇÃO CFM Nº 1.942/2010 (Publicada no D.O.U. de 12 de fevereiro de 2010, Seção I, p. 72), no Brasil, o balão intragástrico é aceito como procedimento restritivo e está indicado em pacientes com obesidade mórbida, isto é, IMC ( Índice de Massa Corporal ) maior que 40 kg/m2, com patologias desencadeadas ou associadas ao extremo excesso de peso, apenas como terapia adjuvante. Em outras palavras, o balão intragástrico só está indicado para pacientes muito obesos, muito doentes, como ponte para um procedimento definitivo: a cirurgia bariátrica. Outros grupos provavelmente não se beneficiem do balão, pois o mesmo deve ser retirado dentro de seis meses, segundo o fabricante, e a perda de peso é dependente de mudanças no estilo de vida. Além disso, dentro de cinco anos, a cada cinco pacientes que fazem uso do balão intragástrico, quatro recuperam 100% ou mais e um recupera 80% do peso perdido. Ou seja, os resultados a médio e longo prazo são desanimadores.
O balão intragástrico e seus riscos
Apesar de ser anunciado com um procedimento isento de riscos, o balão intragástrico está associado a complicações como aderências ao estômago, passagem para o duodeno, vômitos incoercíveis, úlceras e erosões gástricas, esvaziamento espontâneo do balão, obstrução intestinal por migração do balão, perfuração gástrica e infecção fúngica em torno do balão. Além disso pacientes com esofagite (inflamação do esôfago) de refluxo, hérnia hiatal, estenose (estreitamento) ou divertículo de esôfago, lesões potencialmente hemorrágicas como varizes e angiodisplasias, cirurgia gástrica ou intestinal de ressecção, doença inflamatória intestinal, uso de anti-inflamatórios, anticoagulantes, álcool ou drogas e transtornos psíquicos, têm contraindicação ao uso do balão.
Todo o procedimento em Medicina só é seguro quando devidamente indicado e realizado por profissional sério, competente e experiente. No caso do balão intragástrico, vemos uma sindicação que além de não ajudar a resolver o problema da obesidade, ainda expõe pessoas a um risco desnecessário.
Fonte : www.drmateusendocrino.com
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