Angelina Jolie reacendeu uma discussão sobre saúde. A atriz de Hollywood, que se submeteu em 2014 a uma dupla mastectomia para prevenir o câncer de mama, decidiu retirar também seus ovários e trompas, em cirurgia chamada ooforectomia.
O procedimento é recomendado para pessoas que carregam uma mutação no gene BRCA1, como é o caso de Angelina, que aumenta em 50% o risco do câncer de ovário.
Como funciona a ooforectomia
A decisão da atriz aumentou a visibilidade sobre a ooforectomia. A cirurgia é indicada para mulheres com mais chances de desenvolver câncer nos ovários – algo que pode ser detectado através de testes que apontam mutações no gene BRCA1.
A ooforectomia é um procedimento relativamente simples, que consiste na retirada de um ou ambos ovários. Ele dificilmente gera complicações no pós-operatório, mas pode provocar mudanças no organismo feminino.
Em entrevista ao Daily News, a oncologista ginecológica Dra. Elizabeth Poynor alertou que a cirurgia pode induzir a menopausa precoce. A redução hormonal é outro fator esperado em mulheres que se submetem à intervenção. Por isso, ela não deve ser realizada por quem possui menos de 35 anos ou deseja engravidar.
Por tudo isso, a orientação é conversar com o médico, que pode explicar a relação entre os riscos e benefícios. A operação é feita com anestesia leve e é classificada como uma cirurgia ginecológica de pequeno porte, ou seja, que ocasiona dor leve.
Ainda que raras, as complicações possíveis envolvem riscos de Mal de Parkinson, de osteoporose e de declínio da função sexual. Em relação à perda de hormônios, existem alternativas de reposição que podem contornar o problema.
Ooforectomia divide opiniões
Devido às possíveis consequências da ooforectomia, a discussão sobre optar ou não pela realização do procedimento como prevenção traz posicionamentos diversos. Nos Estados Unidos , cada vez mais mulheres recorrem à cirurgia para a prevenir o surgimento do câncer. Anualmente, são realizadas cerca de 300.000 ooforectomias bilaterais no país.
Em artigos recentes, publicados nos jornais The New York Times e Daily News, médicos das áreas da ginecologia e obstetrícia apoiaram a decisão de Angelina de realizar a ooforectomia.
No entendimento dos especialistas, o posicionamento da atriz foi importante e sua história poderia encorajar as famílias a falar sobre o assunto e as mulheres a avaliar a opção.
Mas a defesa do procedimento não é unânime. Em 2014, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) já havia se posicionado sobre o assunto, considerando a ooforectomia como um “excesso de prevenção”.
Para a entidade, é preciso conscientizar a população sobre os riscos da solicitação excessiva de testes por parte dos médicos, que podem resultar em medidas extremas e prejudiciais para o organismo do paciente.
O que não resta dúvidas é quanto à contribuição que o ato de Angelina gerou para um maior debate sobre saúde e câncer. A atriz declarou que não foi uma decisão fácil, mas entendeu como possível assumir o controle e enfrentar de frente problemas de saúde. “Você pode buscar aconselhamento, estudar as opções e tomar as decisões que são apropriadas para você”, afirmou.
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