É comum classificarmos como superdotado um aluno que se destaca e que parece sempre ser mais inteligente ou mais rápido no raciocínio que os demais de sua turma ou grupo de amigos. No entanto, é preciso ter muito cuidado na construção desse conceito.
O alerta é da psicóloga Denise Quaresma da Silva, que atua no programa de pós-graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Universidade Feevale. Segundo ela, o superdotado é confundido com crianças que não possuem superdotação, mas que se esforçam para serem consideradas assim para corresponder às expectativas dos pais.
Superdotado sofre
De acordo com ela, essas crianças, invariavelmente sofrem e desenvolvem sintomas psicológicos de todas as ordens, pois exigem de si mesmas demasiadamente. “Chamamos a atenção da dimensão sócio emocional do superdotado, que infelizmente é menos considerada que as características cognitivas e necessidades educacionais”, comenta a psicóloga.
Segundo Denise, a linguagem e a criatividade devem ser consideradas como elementos importantes na construção da caracterização desse fenômeno multifacetado que é a superdotação. Na dimensão cognitiva, a superdotação acadêmica é o tipo mais facilmente mensurado nos testes de capacidade para selecionar os alunos nas escolas.
“Porém temos também a superdotação produtivo-criativa, com sujeitos capazes de criar artisticamente ou serem capazes de liderar acima da média encontrada em suas idades”, complementa a professora de Psicologia.
Segundo ela, a figura do superdotado ou as altas habilidades são encontradas bem cedo, em crianças que desenvolvem o intelecto, o lado produtivo-criativo muito acima dos demais da idade.
Superdotado é visto como incomum
Apesar das políticas educativas considerarem que há necessidade de investimentos diferenciais para as crianças que apresentem altas habilidades, para Denise, infelizmente a maioria das escolas ainda entende que essas incomodam nas aulas, pois as turmas não são diferenciadas como deveriam ser.
Dessa forma, o que poderia ser um diferencial produtivo, acaba sendo uma fonte de exclusão da criança com superdotação, pois a escola se torna pouco atrativa e nesses casos, inicia-se uma processo de segregação.
“Pois estes alunos não sendo potencializados, passam a não gostar da escola”, reflete a psicóloga.
A visão dos pais diante desse contexto pode parecer um pouco confusa, em um primeiro momento. Ao mesmo tempo em que têm filhos que se destacam por sua capacidade, pode haver um quadro de sofrimento.
Conforme Denise, os pais e familiares devem olhar de maneira integral o desenvolvimento dos filhos, pois é comum no aspecto emocional dessas crianças, serem observadas questões relativas a autoestima, problemas emocionais como o isolamento, o perfeccionismo e dificuldades na interação social, entre outros.
“Na cultura competitiva em que vivemos, é comum aos pais satisfazerem seus narcisismos a partir do intelecto super desenvolvido dos filhos, e estes não perceberem o retardo afetivo que o filho superdotado pode ter”, saliente.
Para ela, possuir superdotação cognitiva não é garantia de desenvolvimento afetivo e relacional.
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