Por um período, os brasileiros se colocam em frente à televisão para aprender, acompanhar, torcer e sofrer com a rotina dos participantes de um dos reality shows de maior audiência em todo o mundo: o MasterChef.
O programa que testa o talento e a paixão pela culinária é apresentado, em sua versão brasileira, pela jornalista Ana Paula Padrão e tem se tornado uma febre. Em todo o mundo, já foi visto por mais de 250 milhões de pessoas em 145 países.
Mas em tempos de propagação pelos meios de comunicação de uma cultura alimentar saudável, será que um programa como o MasterChef, que oferece tantas possibilidades gastronômicas, pode criar uma “cultura alimentar” na família?
MasterChef e cultura alimentar
De acordo com a nutricionista Alice Bayer Monteiro, essa possibilidade é bem remota. “Vejo cultura alimentar como uma percepção bem mais profunda sobre os alimentos, hábitos alimentares e também descendência familiar. Acredito que para criar ou mudar uma cultura é preciso de mais tempo”, diz.
Por isso, segundo a nutricionista, às vezes é tão difícil para algumas pessoas fazerem melhorias na qualidade da dieta. “Elas têm hábitos alimentares errados muito enraizados e os repetem de forma automática”, completa Alice.
Por outro lado, a nutricionista aponta benefícios oferecidos por atrações como o MasterChef. De acordo com ela, o benefício maior é estimular as pessoas a cozinharem em casa.
“Atualmente isso está cada vez mais raro. Com a pressa cotidiana, as pessoas optam por lanches rápidos, fast foods, refeições industrializadas, embutidos e congelados, o que faz com que diminua muito a qualidade da dieta”, assinala.
Ao assistir ao programa, as pessoas podem sentir-se mais estimuladas a preparar seus próprios alimentos e comer com qualidade uma preparação feita na hora.
A ressalva é que, particularmente, ela vê que o programa ajuda a ensinar as pessoas a cozinharem com excelência, saber o ponto correto dos alimentos, combinações, pratos diversificados para várias situações, criar preparações com ingredientes inovadores e servir com qualidade, isso tudo mediante muita pressão dos avaliadores e o clima de competição.
Qualidade nutricional não é foco do MasterChef
Por mais que estimule a preparação dos alimentos, o MasterChef não tem uma preocupação com qualidade nutricional e alimentação balanceada. “É visto um cuidado com o desperdício de alimentos, mas questões como evitar excesso de gordura, fritura, açúcar e sal, priorizar a ingestão de legumes, frutas e carnes magras não é o objetivo do programa”, salienta Alice.
Assim, segundo ela, o que pode ser visto como “aprendizado” com o MasterChef é que com organização é possível realizar o preparo dos alimentos em casa, em pouco tempo.
Com criatividade e dedicação é perfeitamente viável preparar e servir refeições de qualidade em casa, favorecendo o convívio familiar. “É assim que diária e continuamente se constrói uma cultura alimentar”, completa a nutricionista.
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