A ameaça que o zika vírus representa para a saúde das mulheres grávidas e de seus bebês cresce ainda mais com as novas evidências do Centro Médico Universitário de Liubliana, na Eslovênia. Através de um artigo publicado nessa quarta-feira na revista científica New England Journal of Medicine, os cientistas reforçaram a associação da doença com a má-formação cerebral de recém-nascidos.
Para chegarem a essa conclusão, os médicos realizaram autópsia no feto abortado com microcefalia de uma mulher europeia, que engravidou quando estava no Brasil. A análise demonstrou a presença de níveis significativos de vírus zika no cérebro, que excediam aqueles encontrados nas amostras de sangue de outras pessoas infectadas.
Zika vírus e má-formação cerebral
O alerta em relação ao zika vírus começou diante de um surto de bebês nascidos com microcefalia na região Nordeste do Brasil. Iniciava, assim, a especulação de que a doença transmitida pelo aedes aegypti, o mesmo mosquito transmissor da dengue e da febre chikungunya, poderia afetar a formação cerebral.
Desde então, vêm surgindo evidências cada vez mais fortes para comprovar essa relação. No Brasil, até 30 de janeiro, já haviam sido confirmados pelo Ministério da Saúde 4.074 casos de recém-nascidos com microcefalia, justamente no período de surto do zika na América.
O perigo iminente para as grávidas fez com que o número de pesquisas sobre o zika vírus e sua relação com a microcefalia crescesse na mesma proporção do aumento de casos. A nova análise publicada pelos cientistas eslovenos veio para reforçar essa associação. Os americanos parecem já estar praticamente convencidos dela.
No editorial presente na revista científica em que foi publicado o relato do Centro Médico da Eslovênia, pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard e do Hospital Geral de Massachusetts se posicionaram sobre o tema. Eles escreveram que a nova descoberta ajuda “a fortalecer a associação biológica” entre a infecção pelo vírus e a microcefalia.
No início de janeiro, pesquisadores dos Centros de Prevenção e Controle de Doença dos Estados Unidos já investigavam atentamente os casos de má-formação cerebral, diante da epidemia do zika. Eles encontraram o vírus em placentas de duas mulheres que tiveram abortos espontâneos e nos cérebros de dois recém-nascidos mortos com microcefalia.
Para aprofundar as pesquisas, uma equipe de cientistas americanos deverá vir ao Brasil, onde poderá conduzir novos estudos e verificar se há outros cofatores envolvidos nos casos de microcefalia. Foi isso que afirmou Lyle Petersen, diretor do setor de doenças transmitidas por mosquitos da agência americana, em coletiva de imprensa.
Teste poderá detectar zika em 5 horas
As instituições brasileiras também estão empenhadas na força-tarefa contra o aedes aegypti. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) promete disponibilizar, a partir do dia 15 de fevereiro, um teste rápido capaz de detectar a presença do vírus zika em amostras de sangue, saliva e urina.
Trata-se de um teste molecular aprimorado que, nos casos agudos da doença, detecta a presença do vírus em apenas cinco horas. Assim, ajuda a descartar rapidamente outros diagnósticos, como gripe ou febre chikungunya. As amostras serão recolhidas no Hospital das Clínicas de Campinas, de onde serão encaminhadas para análise na Unicamp.
A desvantagem é que, se o paciente não estiver portando o vírus em estágio avançado, o diagnóstico poderá demorar uma semana – o mesmo tempo que já leva nos exames atuais.
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