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Clitóris: você sabe tudo sobre sua maior fonte de prazer sexual?

Por Francine Costanti 13/05/2020

Com mais de 8.000 fibras nervosas, o clitóris é considerado o maior responsável pelo prazer do corpo feminino no ato sexual, e não à toa, se estimulado da maneira certa, pode levar ao orgasmo em minutos. E não existe uma mulher com clitóris igual a outro, eles são diferentes em tamanho, cor e sensação de prazer. 

Ficou curiosa para saber mais sobre ele? Batemos um papo com a sexóloga e coaching de relacionamento Virginia Gaia, que esclarece algumas questões e conta como a região pode ser exercitada para que você tenha mais excitação. Vem ver a conversa:

Fortíssima: O clitóris tem função estritamente sexual?

Virginia Gaia: Essa é uma discussão antiga e existem diferentes abordagens e linhas de estudo. O que se sabe, e isso podemos afirmar, é que a função do clitóris é proporcionar prazer à mulher. Alguns estudos dizem que essa função de prazer seria um aspecto evolutivo da espécie para que a mulher se sentisse estimulada a reproduzir e, nesse sentido, tem uma relação direta entre prazer e reprodução, que hoje sabemos que perdeu um pouco o sentido. O que podemos afirmar é que sua função é dar prazer à mulher. 

O clitóris está totalmente conectado (e tem um conjunto grande) com todos os terminais nervosos que vão se distribuindo e se irradiam pelo órgão, desde aquela “pontinha” (chamada prepúcio) que a gente vê ali um pouco acima da saída da uretra até o canal vaginal. Aliás, essa foi uma descoberta recente. Em 1997, Helen O’Connell, uma urologista australiana, fez um trabalho de mapeamento da anatomia de um clitóris, que tem muito mais terminações nervosas do que o órgão sexual masculino.  

É mais fácil a mulher chegar ao orgasmo estimulando o clitóris?

Sim, sim e sim! Na verdade o clitóris é o nosso “botãozinho do prazer” e não tão “botãozinho”, como já falado acima. Ele tem uma estrutura muito maior, abraça todo o canal vaginal da mulher. É como se ele fizesse um “V” e vai até o finalzinho da vagina. Também existem terminações nervosas na região do períneo, uma região bastante sensível para muitas mulheres e homens. 

De fato, todo o prazer feminino vai funcionar em volta do clitóris. O que sabemos é que até o chamado “orgasmo vaginal”, que se tem com a penetração, não é diferente do orgasmo através do clitóris. Portanto, tanto o orgasmo clitoriano, quanto o vaginal, derivam dessa estrutura maior do clitóris. 

Mesmo o orgasmo com penetração se deriva dessa estrutura maior do clitóris, ainda que a maioria das mulheres consigam ter prazer com o estímulo da glande do clitóris, porque ali é um ponto mais exposto, mais aparente. Para mulheres que não chegam ao orgasmos com penetração e ficam encanadas com isso, devem saber que fazem parte da maioria e está tudo bem!  

corrimento vaginal

Clitóris é considerado o maior responsável pelo prazer do corpo feminino no ato sexual. Foto: iStock

Cada mulher tem um clitóris diferente (aspecto e tamanho) um do outro?

Sim, não somente o clitóris como a própria vulva. A gente fala vagina, mas ela é a parte interna do canal. Essa estrutura que a gente vê do lado de fora, os grandes e pequenos lábios, o prepúcio e a glande do clitóris, tudo isso é chamado de “vulva”, tecnicamente falando. Não existem duas mulheres com a vulva igual, com as mesmas medidas, pequenos lábios, grandes lábios. A cor é diferente, o tamanho é diferente, a proporção… E com o clitóris não vai ser diferente. Em alguns casos, é diferente até a reação, podem ser mais inchados (pois com o estímulo ele cria uma espécie de ereção) e mais expostos. 

Outra informação importante é que tamanho de clitóris não tem a ver com a intensidade do prazer sexual. Existem mulheres com o clitóris mais avantajado e que podem ter mais dificuldade de sentir prazer e vice-versa. Há algumas com o clitóris mais delicado e sentem muita excitação. Não adianta fazer comparação. Isso só vai ser um problema clínico quando tiver uma desproporção muito grande e trouxer algum tipo de desconforto ou dificuldade para a saúde feminina.

Com o avanço da idade a mulher pode sentir menos prazer no clitóris?

Temos um mito de que a mulher vai perdendo o desejo e a capacidade de sentir prazer com a idade e isso não é bem assim. O interessante é saber que a mulher, ao longo da vida, pode mudar sua relação com o sexo e muitas vezes vai ter prazer de maneiras diferentes e isso é totalmente normal. Então, se ela tinha mais orgasmo vaginal, mas passou a ter mais orgasmo clitoriano ou agora gosta mais de brinquedos eróticos, adora sexo oral, é natural. Essas oscilações fazem parte, por isso não existe uma regra.

O que pode acontecer é que, com o avanço dos anos, qualquer musculatura pélvica (responsável pela sustentação de todos esses tecidos, inclusive dos terminais nervosos do clitóris), vai perdendo o tônus, a firmeza. E se ela não for fortalecida com algum exercício e não tiver nenhuma ativação pode, sim, se tornar flácida. Isso talvez influencie na qualidade da vida sexual da mulher e na sua percepção de prazer. Já existem exercícios, o que podemos chamar de “ginástica íntima”, popularizada ultimamente como “pompoarismo”, técnica ligada a algumas tradições antigas. 

Também existem os exercícios de Kegel (que fortalecer os músculos da região pélvica e evitam a perda involuntária de urina) e o método “Sahajoli” (exercícios do tantra feito na antiguidade pelas deusas e sacerdotisas, que eram preparadas fisicamente para ter uma expercnai sexua ainda mais intensa, porque elas encarnavam deusas na terra). Então, é importante fazer essas atividades para prevenir a perda do tônus muscular, além de evitar problemas de saúde, como incontinência ou infecção urinária, prolapso, de útero, problemas clínicos realmente sérios que se dão, muitas vezes, pela flacidez. Quanto antes você começar a fazer esse treino, mais você irá manter a jovialidade muscular por mais tempo.

O prazer da mulher não está só relacionado com a musculatura. O orgasmo é também uma contração muscular, é uma reação neurofisiológica, por conta dos terminais nervosos que estão no clitóris, mas sabemos que tem mil outros fatores hormonais, psicológicos e sociais, que fazem com que as mulheres mais velhas acabem sendo vistas – e se encarando – como “menos sexuais”, e é um erro olhar dessa maneira. 

Masturbar-se com frequência é saudável?

Como toda prática sexual, a masturbação é, sim, saudável desde que não cause nenhum tipo de sofrimento, dependência ou venha a se tornar um tipo de compulsão. Existem critérios clínicos para isso, então ela só será um problema quando passar a afetar a vida, a rotina da pessoa, ou seja, ela deixar de fazer atividades diárias, não conseguir trabalhar, dormir, se alimentar direito ou passa a trocar o sexo pela masturbação, justamente por uma insatisfação em relação a sexualidade. Aí sim podemos colocar a prática como algo compulsivo. 

Na maioria dos casos, o que acontece é que as pessoas têm dificuldade de se masturbar, se conhecer, conhecer melhor o seu corpo e saber onde e como sente mais prazer. A masturbação também ajuda muito como exercício de pompoarismo e sahajoli. Por isso, é essencial que todos tenham mais de incentivo para que se masturbem com maior frequência, é uma ótima maneira de explorar seu corpo e se autoconhecer.

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