Cesárea ou parto normal? A escolha sobre como uma criança deve vir ao mundo tem gerado polêmica. Afinal de contas, o que é mais seguro e certo? Órgãos oficiais do governo já se posicionaram e decretaram uma verdadeira guerra contra o que denominam de cesariana desnecessária e destacam os riscos do procedimento.
Infecção, risco de hemorragia aumentado, risco do ato anestésico que pode resultar em morte, são alguns dos exemplos dos perigos da cesárea, de acordo com a coordenadora da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Esther Vilela.
“E os riscos a longo prazo de aderência, de acretismo placentário, que é a placenta grudar no útero e também placenta prévia e de endometriose, que são riscos inerentes à cesárea”, completa a coordenadora. Os perigos apontados por Esther não param por aí.
Cesárea de repetição é risco maior
A cesariana de repetição, de acordo com a coordenadora da Saúde da Mulher, oferece riscos ao próximo parto e ainda de infertilidade. Sem falar nos riscos para a relação da mãe com o bebê. “Porque uma cesárea dificulta o vínculo inicial mãe e bebê, dificulta a descida do leite, o contato pele a pele e a amamentação”, justifica Esther.
A coordenadora da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde ressalta que, em algumas situações, a cesariana é a única forma de parto para salvar a vida da mãe e do filho. Entretanto, em circunstâncias normais, o parto natural deverá sempre ser a melhor opção.
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) defende o direito de escolha entre o parto natural e a cesariana, desde que a mulher seja informada de todos os riscos que o procedimento cirúrgico envolve.
Enquanto o Ministério da Saúde anuncia uma série de medidas para reduzir o número de cesarianas no Brasil, a SBMFC acredita que o registro do grande número desse tipo de procedimento passa pela pouca capacidade que o atual modelo hospitalar tem para lidar com a imprevisibilidade e com os valores dos pacientes.
Má prática justificada pela cesárea
Para a presidente da SBMFC, Daniela Knupp, a opção pela cesariana é motivada por argumentos que não têm fundamento científico, mitos criados para justificar a má prática. “Sabemos que o Brasil vive uma epidemia de partos cesárea, alcançando números alarmantes, que não são motivo de orgulho”, afirma Knupp.
Assim, diz a presidente, a entidade entende que todo estímulo ao parto normal, como as medidas anunciadas recentemente pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, são bem-vindos. Também para Knupp, todos os esforços necessários devem ser valorizados para chegar ao resultado esperado.
Hoje, o percentual de cesarianas no Brasil chega a 84% na saúde suplementar. O dado é da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que também aponta os riscos do procedimento cirúrgico.
De acordo com o órgão, a cesariana, sem indicação médica, aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios no bebê e em três vezes o risco de morte da mãe.
Para a diretora-presidente substituta da ANS, Martha Oliveira, não há explicações clínicas que justifiquem taxas tão altas de cesarianas no Brasil. “Por isso estamos estudando as razões e buscando alternativas que ajudem a mudar esse cenário”, afirma Martha.
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