Filhos

Na educação de crianças, a “cadeira do pensamento” funciona?

Por Rafaela Monteiro 15/10/2013

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Muitos pais se questionam sobre qual a maneira “correta” de educar seus filhos. O que e como fazer? Qual a hora certa pra isso ou para aquilo. E o “cantinho” ou “cadeira do pensamento”, será que ela pode funcionar? Enfim, muitas são as perguntas quando o assunto é educação, limites ou regras.
O objetivo desse post é tentar responder a seguinte pergunta de uma leitora: “Quero saber sobre o “cantinho” pra pensar. Funciona? Com que idade? Porque? Em que situação?

 

Questão relacional


O fato é que padronizar regras é muito complicado. As pessoas são diferentes, as crianças também são. O que funciona com um pode não funcionar com outro e vice versa. Ouvi uma vez um pai falando: ” Ah, minha filha não quer dormir sozinha no quarto, chora a noite toda pedindo para dormir no meu quarto. Estamos tentando mudar isso e essa noite ela chorou por mais de quatro horas antes que eu cedesse e ela viesse para a minha cama.
A questão não tem a ver com o tempo de duração do choro. E sim com a mensagem está sendo passada para a criança. “Pode chorar a vontade, no final você sabe que irá conseguir o que quer”. Não é uma questão do tempo ou do castigo ou da punição. Mas uma questão relacional, da relação que está sendo construída entre os pais e filhos. Por isso, todo e qualquer “castigo” dado a criança tem que ser visto e pensado dentro de um processo relacional entre pais e filhos.
Os pais, ou os cuidadores, são as primeiras relações das crianças. São com quem elas irão aprender a se relacionar, a trocar, a conviver com os outros humanos. É a partir das primeiras relações que aprendemos a nos relacionar e estabelecemos nossos padrões comportamentais. Estes, até poderão ser mudados um dia, mas não de forma tão rápida ou simples.

 

Pensando no objetivo
A primeira coisa que deve ser pensada ao aplicar algum “castigo” é : qual o objetivo disso? Qual o propósito e o que estou querendo com isso? Com crianças muito pequenas a cadeira do pensamento até pode funcionar, mas por poucos minutos. Porém, os limites e castigos não podem ser aplicados de forma que causem humilhação a criança, não é legal existir um lugar físico definido para ser o “lugar do castigo”. O mais importante é a postura firme dos pais diante da criança. Importante que os dois cheguem a um acordo sobre a forma de agir em relação a criança e não desautorizar um ao outro na frente dos pequenos. Podem até discordar, é normal, mas conversem longe da criança para chegar a um acordo.
É importante também manter a palavra dita. Isso significa que não é não e que sim é sim. Não faça promessas que não poderá cumprir. E procure não voltar atrás no que disser. Como no exemplo do pai que deixou a filha chorando, ou deixa logo a criança entrar na quarto e dormir ou não deixa, mudar de ideia no meio do caminho não produz boas mensagens para a criança e a dificuldade de colocar limite pode aumentar.
Limites tem que ser colocados sim, assim como regras e horários. Porém, não existe uma lista da super Nany (não para a gestalt) que vai fazer com que seus problemas acabem. Existe um processo relacional que você vai estabelecer com seu filho de modo a contribuir para a construção do caráter dele. Através disso ele irá aprender a fazer escolhas, a se relacionar e a viver.