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Teoria do caos: como a matemática pode influenciar a sua vida

Por Rafaela Monteiro 16/10/2013

Muitas pessoas já ouviram falar na teoria do caos, mas poucas são capazes de compreender como elas funciona e imaginar de que modo pode ser aplicada no dia a dia. Ela não tem o poder de resolver todos os contratempos que podem surgir em seu caminho, mas ajuda a entender que é preciso estar precavido.

Como tudo começou

A teoria do caos foi percebida pela primeira vez quando Edward Lorenz trabalhava em um modelo de previsões meteorológicas, em 1961. Ele contava com um computador, no qual inseria dados e previa a evolução das alterações climáticas. Tudo começou com um pequeno erro do cientista.

Para confirmar que estava tudo conforme o primeiro resultado, ele resolveu reinserir parte dos dados para testar sua conclusão novamente. Quis poupar tempo e fez isso com apenas metade das variáveis, que eram 12, no total.

Os resultados apresentados totalmente diferentes dos iniciais. Retrocedendo em busca das causas dessa variação, ele percebeu que alguns dados tinham sido erroneamente inseridos – houve equívoco em casas decimais, uma diferença quase imperceptível, em termos práticos.

Ocorre que, até aquele momento, pensava-se que diferenças tão pequenas como as dos dados inseridos por Lorenz teriam impactos quase imperceptíveis. A moral da teoria do caos é justamente essa: mudanças mínimas nos primeiros fatores de determinada questão previsível podem torná-la imprevisível.

Esse pensamento está a serviço justamente de organizar a desorganização – por mais confuso que isso soe. Conhecendo padrões capazes de afetar algo, é possível, a partir de equações, prever certos comportamentos e antever as consequências de determinados atos.

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O filme Efeito Borboleta ajuda a entender a teoria do caos. Foto: Divulgação

Como aplicar a teoria do caos no dia a dia

Há relutância de cientistas e estudiosos sobre a aplicabilidade da teoria do caos no cotidiano das pessoas – os fatores que influenciam suas escolhas não são mensuráveis matematicamente. De toda forma, compreender o funcionamento parece possibilitar um pouco mais de controle sobre o futuro.

Imagine que você tem uma entrevista de emprego logo cedo pela manhã e precisa estar lá às 8h, pontualmente. Você se ajeita e sai de casa às 7h30, já que viu na internet que o trajeto até o local, indo pelo melhor caminho possível, dura no máximo 20 minutos.

Para sua infelicidade há um congestionamento em razão de um acidente e ocorre um atraso. Você perde a entrevista. É difícil imaginar, mas a culpa disso tudo pode estar no fato de que um total desconhecido acordou atrasado e precisou tomar o café no veículo enquanto se dirigia ao trabalho – coincidentemente o mesmo trajeto que o seu naquela manhã.

Ele pode ter derramado café e perdido o controle do veículo. O suficiente para causar o acidente que desencadeou no seu revés. Nesse caso, o remoto atraso e a decisão de tomar café seriam as pequenas variáveis da teoria do caos, que causou uma desordem em um sistema pré-determinado.

Seria inviável prever o evento, mas compreender a teoria ajuda a se precaver e, quem sabe, sair antes de casa ou ter rotas alternativas já pensadas, por exemplo. Para quem deseja uma melhor visualização dessa tese, há diversos filmes que já a retrataram.

Um dos mais famosos é Efeito Borboleta, no qual o protagonista, interpretado pelo ator Ashton Kutcher, tem o poder de voltar ao passado e mudar determinadas variáveis – mas não sem trazer consequências para o futuro de todos os envolvidos.