Relacionamento

Saiba sobre as transformações da família na aposentadoria

Por Rafaela Monteiro 05/11/2013

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A família assim como outros setores da vida, sofrem transformações no momento da aposentadoria. Este novo período na vida do indivíduo atinge sua subjetividade e consequentemente irá afetar suas relações. Com a aposentadoria, a dinâmica familiar se altera, os papéis se modificam e isso pode trazer estranhamento no início, como toda mudança.

 

A família

Contudo, inicialmente para  tentarmos entender as modificações nas relações familiares decorrentes deste momento, é preciso definir o que estamos conceituando como família. O que entendemos como família não é um fato natural, não é algo que sempre existiu da mesma forma ou de uma única forma, é uma construção cultural e ideológica; vai além do núcleo patriarcal.

Beavers e Hampson  afirmam que o modelo desta instituição é caracterizado como um grupo de pessoas comprometidas com o apoio mútuo, compartilhando suas expectativas e significados, mas não precisam ter necessariamente laços consanguíneos.

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Estudiosos problematizaram o papel da família na constituição da subjetividade do ser humano, revelando que não existe a família enquanto conceito único e globalizador, como as definições sociológicas, antropológicas e mesmo psicológicas pretenderam em décadas anteriores. Assim, não existem famílias, mas configurações vinculares íntimas que dão sentimento de pertença, habitat, ideais, escolhas, fantasmas, limites, papéis, regras e modos de comunicar que podem (ou não) se diferenciar das demais relações sociais do indivíduo humano no mundo.

 

Transformações

Quais as transformações que ocorrem decorrentes da aposentadoria neste núcleo que o sujeito entende como sendo sua família? Quais os papéis que são desempenhados e que modificações eles sofrem com a chegada desse período?

De acordo com Bucher, a família enquanto um sistema, apresenta-se como sendo a base do processo de individuação de seus membros e, por sua vez é também influenciada por eles. Esse processo de separação-individuação requer que a família vivencie diversas fases de desorganização, quando o equilíbrio de um estágio é rompido em preparação para outro mais adequado.

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As fases de instabilidade, marcadas por confusão e incerteza, revelam a passagem para um novo equilíbrio emocional, caso a família seja capaz de tolerar a diferenciação de seus membros. A família possui forças internas e externas que contribuem para sua regulação, conferindo-lhe uma capacidade auto-organizativa e uma coerência e consistência no jogo de equilíbrios dinâmicos interior-exterior. Possui natureza dinâmica, podendo estar sempre em mobilidade. Por isso, suas formas não são estruturas rígidas, mas, manifestações flexíveis, embora estáveis, de processos subjacentes.

Entender a família como um sistema permite a compreensão de que mudanças e no meio, como o momento da aposentadoria, também irão causar modificações na própria família, em sua dinâmica e na subjetividade de seus membros.

 

Perspectiva de quem se aposenta e os impactos na família:

– “Retorno” à família pode causar mudanças nas condições físicas, financeiras, psicológicas;

– Mudança na dinâmica familiar, nos mitos e preconceitos e possível inversão de papéis;

– Impactos no ambiente familiar: integração, invasão de espaço, sentimento de prazer e desprazer, diminuição da renda familiar.

 

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Enfrentando o novo

A maneira de enfrentar o momento da aposentadoria vai variar de pessoa para pessoa, do momento histórico-social, das relações interpessoais construídas ao longo da vida, de outras formas de preencher o tempo, da maneira de se relacionar com o vazio, dentre outras.

Assim esse momento delicado e novo, que é a aposentadoria, precisa de devido cuidado, necessita  merecida atenção, pois novas estruturas sociais, financeiras e individuais se fazem necessárias para uma adequada administração de tudo que vem através do simples fato de se aposentar.  Muita coisa precisa ser organizada diante de um mundo que “envelhece”, e não somente como um momento de descansar, a aposentadoria deve ser encarada como um momento de transição, que demanda atenção, cuidado e devido planejamento.