Relacionamento

Saiba mais sobre relacionamentos e amor líquido em Bauman

Por Rafaela Monteiro 12/11/2013

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A modernidade líquida, um mundo repleto de sinais confusos e propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível , traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos, um amor líquido.

 

Estilo de amar

As dificuldades vividas por um casal refletem o estilo que uma comunidade mais ampla. E sabemos que “nenhuma união de corpos pode, por mais que se tente, pode escapar à moldura social e cortar todas as conexões com outras facetas da existência social”.

Mundo  identificado como líquido, em que as relações se estabelecem com extraordinária fluidez, que se movem e escorrem sem muitos obstáculos, marcadas pela ausência de peso, em constante e frenético movimento. Defende a ideia de que esse processo de liquefação dos laços sociais não é um desvio de rota na história da civilização ocidental, mas uma proposta contida na própria instauração da modernidade.

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Globalização

A globalização pode ser um conceito meio difuso, mas ninguém fica imune aos seus efeitos. A rapidez da troca de informações e as respostas imediatas que esse intercâmbio acarreta nas decisões diárias; qualidades e produtos que ficam obsoletos antes do prazo de vencimento; a incerteza radicalizada em todos os campos da interação humana; a falta de padrões reguladores precisos e duradores; são evidências compartilhadas por todos os que estão neste barco do mundo pós-moderno.

Tudo isso vai imprimir marcas em todas as possibilidades da experiência, inclusive nos relacionamentos amorosos. O amor também passa a ser vivenciado de uma maneira mais insegura, com dúvidas acrescidas à já irresistível e temerária atração de se unir ao outro. Nunca houve tanta liberdade na escolha de parceiros, nem tanta variedade de modelos de relacionamentos, e, no entanto, nunca os casais se sentiram tão ansiosos e prontos para rever, ou reverter o rumo da relação.

 

Consumir é preciso

O apelo por fazer escolhas que possam num espaço muito curto de tempo serem trocadas por outras mais atualizadas e mais promissoras, não apenas orientam as decisões de compra num mercado abundante de produtos novos, mas também parecem comandar o ritmo da busca por parceiros cada vez mais satisfatórios.

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A sociedade do consumo, onde tudo se faz descartável, faz com que as relações se enfraqueçam, pois se acredita que o produto pode ser adquirido rápido e tem que vir pronto. Assim, os parceiros que não satisfazem plenamente são rapidamente trocados por outros que irão supostamente satisfazer.

Existe uma constante busca por satisfação imediata e sempre a ideia de que o próximo parceiro poderá trazer esta satisfação sonhada. A ordem do dia nos motiva a entrar em novos relacionamentos sem fechar as portas para outros que possam eventualmente se insinuar com contornos mais atraentes. Não dividir o mesmo espaço, estabelecer os momentos de convívio que preservem a sensação de liberdade, evitar o tédio e os conflitos da vida em comum podem se tornar opções que se configuram como uma saída que promete uma relação com um nível de comprometimento mais fácil de ser rompido.

A concentração no movimento da busca perde o foco do objeto desejado. Insatisfeitos, mas persistentes, homens e mulheres continuam perseguindo a chance de encontrar a parceria ideal, abrindo novos campos de interação.

 

Ligar e desligar

Crescem as redes de interatividade mundiais onde a intimidade pode sempre escapar do risco de um comprometimento, porque nada impede o desligar-se. Para desconectar-se basta pressionar uma tecla; sem constrangimentos, sem lamúrias, e sem prejuízos. Num mundo instantâneo, é preciso estar sempre pronto para outra. Não há tempo para o adiamento, para postergar a satisfação do desejo, nem para o seu amadurecimento.

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É mais prudente uma sucessão de encontros excitantes com momentos doces e leves que não sejam contaminados pelo ardor da paixão, sempre disposta a enveredar por caminhos que aprisionam e ameaçam a prontidão de estar sempre disponível para novas aventuras. E diante da falta de qualidade, busca-se quantidade. Assim, Bauman mostra que estamos todos mais propensos às relações descartáveis e a encenar episódios românticos variados.