Relacionamento

Facebook x Felicidade: verdade ou mentira?

Por Redação Doutíssima 11/02/2014

facebook

O Facebook está arruinando a sua vida? Um novo estudo publicado na revista PLoS One associa as mídias sociais com o sentimento de tristeza e argumenta que as ligações pessoais podem ser mais benéficas do que as eletrônicas.

“Superficialmente, o Facebook oferece um recurso inestimável para atender a necessidade humana básica de ligação social”, afirmou o Dr. Ethan Kross, autor principal do estudo e psicólogo social da Universidade de Michigan. “Mas em vez de melhorar o bem-estar, descobrimos que o uso do Facebook gera o resultado oposto – ele acaba minando-o”.

Há muitos anos, a menina dos olhos de Mark Zuckerberg  está associada a pedidos de divórcio e bullying cibernético. Segundo os autores, este é o primeiro estudo a examinar diretamente a influência do Facebook sobre a felicidade e satisfação.

Para a investigação, Kross e seus colegas recrutaram 82 adultos jovens — que representam o principal segmento demográfico do Facebook — para responder uma pesquisa cinco vezes por dia durante duas semanas. Aparentemente elaboradas sob medida para a geração do milênio, as pesquisas foram administrados por meio de mensagens de texto para os smartphones dos participantes.

Cada texto incluía um link para uma pesquisa online que fazia cinco perguntas:

1) Como você se sente nesse momento?

2) Qual é o seu nível de preocupação nesse momento?

3) Quão solitário você se sente nesse momento?

4) Quanto você usou o Facebook desde a última vez que perguntamos?

5) Quanto você interagiu com outras pessoas “diretamente” desde a última vez que perguntamos?

Os pesquisadores observaram que quanto mais uma pessoa usava o Facebook entre as pesquisas, mais melancólicas suas respostas ficavam. Além disso, o maior uso do Facebook durante todo o período de duas semanas estava associado a uma menor satisfação com a vida.

Estes resultados se mantiveram verdadeiros independentemente do nível de solidão que os voluntários estavam sentindo, e os participantes não estavam mais propensos a usar o Facebook quando se sentiam mal.

“Dessa forma, não foi o caso da utilização do Facebook ter servido como uma medida de se sentir mal ou solitário”, afirmou Kross.

Por outro lado, a interação pessoal direta levou as pessoas a se sentirem melhor ao longo do tempo.

Os resultados podem ajudar a explicar por que o uso do Facebook está caindo entre o grupo demográfico mais estimado — os jovens adultos. Os autores estão planejando estudos de acompanhamento em outras faixas etárias para ver se o Facebook é uma fonte geral de tristeza.

“Esse é um resultado de importância fundamental, pois vai ao âmago da influência que as redes sociais podem ter na vida das pessoas”, afirmou o co-autor, Dr. John Jonides, neurocientista cognitivo da Universidade de Michigan.

Considerando a popularidade e difusão do uso do Facebook, os autores argumentam que a pesquisa sobre os efeitos a longo prazo de plataformas de mídia social é fundamental para entender o bem-estar mental. O Facebook afirma ter quase um bilhão de usuários em todo o planeta, muitos dos quais estão constantemente conectados por meio de seus smartphones.

“Essa é a vantagem de estudar o uso do Facebook e bem-estar como processos dinâmicos que se desenrolam ao longo do tempo”, disse o co-autor, Dr. Philippe Verduyn, um especialista em emoções  e pós-doutorado bolsista da Research Foundation Flanders. “Ele nos permite fazer inferências sobre a sequência causal provável da utilização do Facebook e bem-estar”.

Fonte: Kross E, Verduyn P, Demiralp E, et al. Facebook Use Predicts Declines in Subjective Well-Being in Young Adults. PLoS One. 2013.