Quando alguém descobre ou presencia um caso violência doméstica, é comum surgir a pergunta: afinal, por que ela não vai embora? Parece muito simples para quem enxerga a situação de fora, mas o cenário é outro para as vítimas de um ambiente abusivo.
A continuidade da violência
Há diversas questões que influenciam decisão uma mulher a permanecer dentro de casa, mesmo quando seu parceiro é violento com ela. Geralmente, esses fatores envolvem medo, falta de dinheiro, receio de inexistência de ajuda e até mesmo não ter a quem recorrer.
Muitas mulheres acabam sendo ameaçadas com armas, facas ou mesmo com terrorismo psicológico. Dentro de suas cabeças se molda a ideia de que, se elas não obedecerem ao agressor, sofrerão as consequências. Pior de tudo, diversas vezes essas ameaças são direcionadas a filhos ou filhas – deixando a vítima ainda mais assustada.
A ausência de recursos financeiros também é um fator a ser considerado. De acordo com pesquisa do Centro Nacional de Prevenção de Lesões e do Centro Nacional para Prevenção e Controle de Doenças, dos Estados Unidos, quem sente insegurança quanto a alimentação e moradia está mais sujeito à violência doméstica.
Não são raros ainda os casos em que os abusadores acabam isolando suas vítimas do mundo exterior – o que torna bastante difícil para que as mulheres busquem auxílio. Segundo a mesma pesquisa, 51,5% das vítimas de violência doméstica que buscaram ajuda para encontrar moradia não a receberam.
Vale destacar ainda que muitas mulheres acreditam na redenção de seus parceiros. Em outras palavras, creem que eles possam parar com esse tipo de comportamento e que o relacionamento possa retomar seu curso saudável.
Como sair desse ambiente?
Tomar a decisão de sair de casa e deixar os episódios de abuso para trás nem sempre é fácil, mas sem dúvidas é a melhor opção. Felizmente, o Brasil conta com uma legislação específica para o assunto: a conhecida Lei Maria da Penha.
Ela permite prisão em flagrante de agressores e concessão de medidas protetivas de urgência por parte do juiz. Prevê ainda que uma mulher possa desistir de uma denúncia apenas frente ao magistrado. Proíbe também penas de multas ou pagamento de cestas básicas.
Se você ainda estiver em dúvida sobre denunciar ou não, vale considerar alguns dados. Ainda de acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, a situação tende a piorar com o passar do tempo.
É preciso saber ainda que as pessoas desejam ajudar e que há diversos serviços gratuitos para auxiliar nesses casos. Além disso, é preciso pensar que romper esse ciclo de abuso pode ter reflexos positivos futuramente – principalmente se você tem filhos homens.
Segundo artigo publicado no Journal of Interpersonal Violence, homens expostos à violência doméstica quando crianças são quatro vezes mais propensos a repetir esses abusos na idade adulta. Também não se esqueça: a culpa não é sua.
Gostou do artigo? Qual é a sua opinião sobre ele? Venha compartilhar suas experiências e tirar suas dúvidas no Fórum de Discussão Doutíssima! Clique aqui para se cadastrar!