Cabelos > Clínica Geral > Estética

Cirurgião plástico tira todas as suas dúvidas sobre a calvície

Por Dr. Victor Sorrentino 14/01/2014

0,,43193103,00

Dr. Victor Sorrentino explica e responde as principais dúvidas de seus pacientes sobre o tema calvície. Ele também desmente muitos mitos! Confira.

1- Cura da CalvícieÉ normal haver queda de cabelo em alguma fase da vida? O “quanto” de cabelo caindo é considerado normal?

Os cabelos são parte do corpo humano e como tal, sofrem da influência de nossos genes e de todos os eventos que ocorrem dentro e fora do organismo. Existem sim fases da vida em que há maior queda dos cabelos e isto depende essencialmente dos fatores internos e externos tais como stress, que acarreta uma oscilação hormonal importante, algumas doenças que provocam alterações metabólicas, fatores ambientais, higiênicos, nutricionais, até a morte celular que é fisiológica (normal) com o envelhecimento. Enfim, há uma gama enorme de situações que fatalmente propiciarão a queda de cabelos durante a vida, portanto o importante é que neste aspecto, a herança genética ainda é mandatória e a menos que haja uma agressão física ou por doença ao couro cabeludo, é ainda impossível que uma pessoa que nasceu para ser calva irá conseguir não expressar esta característica e vice-versa.

É claro que os cuidados que a pessoa vai ter com a vitalidade dos fios terão efeito em retardar a queda, entretanto não é capaz de trazer vida eterna às células dos folículos.

Existe uma média calculada de queda de fios diários de 70 a 100 fios. Este seria um dos parâmetros para se avaliar a queda acelerada dos cabelos, mas quando falamos em média dentro da medicina, temos que ter muito cuidado, pois nem sempre aqueles que estão dentro da média são considerados normais para aquele tipo de característica avaliada, bem como nem sempre os que se encontram fora estão com problemas. Quando se trata de cabelos, ainda sabemos que na teoria, os fios que realmente morrem, sofrem primeiramente um processo de miniaturização, onde os fios vão ficando progressivamente mais finos até ficarem como uma penugem, para depois caírem em definitivo. Portanto, os fios que enxergamos na toalha ou no piso onde tomamos banho teoricamente não poderiam ter significado concreto em predizer velocidade de rarefação. Digo em teoria, pois na prática todo calvo sabe que está ficando calvo, pois não só sente falta dos fios perdidos quando se olha no espelho, mas também relata a percepção de perda na toalha de banho, no lençol da cama, travesseiro, etc…

 

2- Dormir com o cabelo molhado favorece a queda dos fios? Por quê?

Na realidade todo excesso é prejudicial a qualquer parte do corpo. O fato de dormir com cabelos molhados, ou usar chapéu com frequência, não lavar, entre todos os outros são mitos. Não existem evidências e nem exemplos documentados de que uma pessoa que não tem herança genética para a calvície pode ser calvo devido ao excesso de humidade ou oleosidade no couro cabeludo. Entretanto, como estamos em constante atualização dentro da medicina, sabemos que em algumas situações, a influência do meio externo e de nossos hábitos de vida podem influenciar na expressão gênica, ou seja, tudo o que fizermos no sentido de agredir nosso corpo, poderá acarretar prejuízos futuros.

Dormir com cabelos molhados não deixa ninguém calvo, mas pode acelerar o processo de queda dos fios e fazer mal aos cabelos e à saúde do couro cabeludo.

 

3- Pessoas com cabelos ralos têm, necessariamente, algum problema de saúde? Que problemas de saúde podem levar à queda dos fios? É possível evitar?

Calvície não é doença, portanto ser calvo ou ter rarefação depende de fatores essencialmente genéticos e não patológicos. Existem algumas alterações hormonais e nutricionais tais como hipotireoidismo, hipoproteinemia (diminuição da concentração de proteínas no sangue/ corpo), hipovitaminoses (diminuição de determinadas vitaminas no corpo) e stress, que podem ter como um de seus sintomas a queda de cabelos, porém geralmente não são capazes de tornar uma pessoa calva com facilidade.

Por outro lado, existem doenças dermatológicas que podem ocorrer no couro cabeludo, efeitos colaterais ao uso de determinados medicamentos e alterações patológicas e autoimunes que aí sim fazem parte de doenças.

As doenças mais comuns são

– Tricotilomania: ato compulsivo de arrancar os cabelos. Geralmente ocorrem falhas em áreas localizadas. Não podem ser tratadas clínica ou cirurgicamente até que as causas emocionais e psicológicas sejam solucionada e na grande maioria dos casos acontece em mulheres.

– Alopecia areata: doença autoimune que causa perda localizada de cabelos e pode ser diagnosticada através do exame clínico detalhado.

– Efluvio telógeno: um tipo comum de perda de cabelos em mulheres e que ocorre quando um grande percentual de fios estão, ao mesmo tempo, na fase telógena, isso é, na fase pré-queda do fio, fase essa em que ele se encontra fino e com espessura bem menor. Isso ocorre devido a distúrbios hormonais, nutricionais, stress, etc… Tem inicio geralmente na fase adulta jovem ou adolescência e geralmente é resolvido somente com tratamento clínico.
– Alopecia cicatricial: pode ser causada por tração excessiva dos cabelos. Um exemplo comum são as mulheres negras que prendem os cabelos para trás tracionando-os muito tendem a ficar com a testa “alongada”. Pode também ser devido a seqüelas de queimaduras, cirurgias plásticas faciais, radioteraia, etc…

Dentre as causas sistêmicas, podemos classificá-las basicamente em alterações hormonais ou com índices hormonais dentro da normalidade estabelecida.

 

4- É verdade que as grávidas perdem mais fios? É possível evitar o problema?

Para que entendamos corretamente esta situação é importante que saibamos resumidamente sobre o ciclo de vida e as fases de crescimento de nossos cabelos. Todos passam por 3 fases:

Fase Anágena (de crescimento)– O cabelo cresce de um a dois centímetros por mês e essa fase é mais longa nas mulheres. Cerca de 90% dos cabelos encontram-se neste período no adulto. É a fase do crescimento do fio.

Fase Catágena (de repouso) – Pode durar até cerca de três semanas. Nesta fase o cabelo pára de crescer e menos de 1% dos fios estão nesta fase. É a fase em que o fio de cabelo pára de crescer e a parte mais profunda do folículo capilar torna-se menor, movendo-se em direção ao couro cabeludo. No adulto aproximadamente 1% dos cabelos estão nessa fase.

Fase Telógena (queda)– Esta é a fase em que os fios caem do folículo. É normal a queda de 50 a 100 fios por dia. A raiz descansa durante dois a quatro meses até que um novo fio comece a fase de crescimento. É no final deste processo que o cabelo cai, mas normalmente antes disso ocorrer, um novo fio de cabelo já deve estar nascendo em seu lugar. Em um couro cabeludo saudável, deve-se encontrar algo entre 4% a 25% de cabelos nesse estado.

A gravidez é uma fase marcada por um turbilhão hormonal, que modifica completamente a relação dos seus hormônios. Hoje sabemos que o hormônio mais importante da mulher é a progesterona, a qual aumenta seus níveis substancialmente na grávida, pois dá suporte à gestação. Os hormônios da gravidez, principalmente a própria progesterona, fazem com que a fase de crescimento, Anágena, dure  mais tempo fazendo com que, entre diversas outras características, os cabelos fiquem realmente mais encorpados.

Com o nascimento do bebê, ocorre uma queda abrupta nos níveis hormonais devido fundamentalmente pela “perda” da placenta, órgão responsável por dar suporte vital ao feto no útero e que produz uma grande quantidade de hormônios neste período. E é por este motivo que diversas mudanças podem ser sentidas pela mulher na fase após o parto, uma delas é justamente a aceleração da queda de cabelos. Nesse período muitos fios se encontrarão na fase de Telógena (queda) e acabam caindo muito mais fios nas novas mães do que o normal.

A sensação de queda para a mulher será maior ainda, já que durante a gravidez a queda diminuiu muito e no pós-parto cai mais do que caía antes da mulher engravidar. É importante que se saiba que isto é uma situação fisiológica normal, não há nenhum tratamento tópico que possa alterar esta queda quando ocorre, porém a modulação hormonal com progesterona bioidêntica durante esta fase tem provado não só melhorar esta situação, bem como ajudar na recuperação da mãe, por não deixar que os níveis hormonais tenham uma queda tão abrupta com toda sua repercussão na mulher já fragilizada após todo período gestacional. Caso ocorra realmente a queda, apesar de ser desagradável, os fios normalmente retornam.

 

5- É verdade que os cabelos caem mais após a realização de uma cirurgia? É possível evitar o problema?

Após cirurgias principalmente as de grande porte, pode realmente ocorrer maior queda de cabelos devido ao stress cirúrgico, deficiência nutricional e alterações hormonais. Na verdade o stress também ponde provocar queda, pois o mecanismo gera uma importante alteração hormonal, por isso sabemos atualmente que a queda não dependente de herança genética e em consequência sem possibilidades de “cura”, e que não são devidas às doenças dermatológicas e autoimunes ou traumas externos, passa fundamentalmente pela alteração hormonal e os estudos na área do antienvelhecimento, nutrigenômica e modulação hormonal é que são a chave para a prevenção e tratamento.

 

6- Alisamentos, tinturas e uso excessivo de secador podem causar a queda dos fios?

Existem diversas substâncias que são nocivas ao corpo humano e aos fios de cabelo e couro cabeludo. Dentro de algumas fórmulas de tonalizantes, tintas e shampoos, existem estes determinados componentes que podem danificar o couro cabeludo e os fios, provocando quedas temporárias e por vezes definitivas.

Toda e qualquer manipulação inadequada, incluindo os alisamentos, “chapinhas”, escovas e etc, podem também danificar a estrutura capilar e o couro cabeludo principalmente, causando rarefação localizada.

calvicie-calvo-careca-20120322-size-598

7- É possível fazer o cabelo parar de cair? Como?

Como a calvície tem origem genética, a única forma de evitar e modificar esta evolução seria com a supressão desta expressão gênica. Já que não temos como fazer isto, evitar que uma pessoa com herança genética para ter calvície venha a apresentar é ainda inviável.

O que se pode fazer e é a única forma de tentar retardar a queda em alguns casos, é atuar em um dos fatores que contribuem para que a queda ocorra mais cedo através de medicações que inibem uma enzima que transforma a testosterona em Dihidroteststerona (DHT). Este hormônio tem receptores nos bulbos dos fios da região superior da cabeça.

Quando diminuímos a ação do DHT, o processo de miniaturização pode desacelerar por um período, fazendo com que a queda diminua. De qualquer forma, o máximo que podemos conseguir é “segurar” os fios que estão em processo de miniaturização por mais tempo em alguns casos e como o fazemos evitando a ação do hormônio responsável direto por caracteres masculinas, existem riscos de efeitos adversos ligados especialmente à diminuição da libido que devem ser levados em conta pelo médico e paciente.

Resumidamente, o que temos hoje de concreto e cientificamente comprovado é que uma pessoa com herança genética para a calvície, pode ter rarefação acelerada ou desacelerada conforme seu próprio cuidado, porém, modificar a expressão da característica genética para aa calvície ainda não é possível, uma vez que não conseguimos alterar o DNA.

 

8- É possível fazer o cabelo crescer onde hoje há “buracos”?

Havendo falhas delimitadas, irá depender do agente causador da mesma para que possamos avaliar a possibilidade de ter o retorno dos fios perdidos. Se a falha for originada por problemas temporários, possivelmente terá volta dos cabelos da região. Caso contrário, devemos primeiramente tratar a causa para posteriormente avaliar o que pode ser feito. Caso tenha acontecido a morte real daqueles bulbos, podeos optar por procedimentos cirúrgicos.

 

9- Qual o tratamento mais moderno para a queda de cabelo?

O tratamento mais moderno para a queda de cabelos é realmente o Microtransplante Capilar. O Microtransplante Folicular é realizado em centro cirúrgico. O paciente é recebido na Clínica ou Hospital, recebe sedativo por via oral e após é levado ao centro cirúrgico, onde é sedado pelo anestesista. É feita entao anestesia local, seguida do preparo e retirada da área doadora, que pode ser na “nuca” ou “nas laterais do couro cabeludo”. Esta área é definida pelo cirurgião, pois os cabelos destas regiões têm melhor qualidade genética e não possuem herança para queda. Logo após, os cabelos são preparados criteriosamente até se obterem as unidades foliculares. Estas são individualizadas conforme a característica natural delas mesmas, para depois serem transplantadas para a área calva do couro cabeludo. O avanço e experiência possibilita que o procedimento seja executado entre 3 a 4 horas, transplantando uma média de 6000 a 8000 fios. Sendo assim, conseguimos cobrir parcialmente toda área afetada pela calvície de forma proporcional, ou seja, quanto menor a área, maior volume e densidade consegue-se dar. De qualquer forma, o paciente pode repetir o procedimento após cerca de 1 ano, dobrando a quantidade de fios transplantados.
O cabelo transplantado cresce normalmente, com a mesma característica e comportamento da região doadora, ou seja, o cabelo transplantado não tem herança genética para queda e se manterá em sua área de transplante.

Podemos citar alguns tratamentos que são ofertados hoje, relatando o motivo pelo qual funcionam ou não:

Clínicos

Existem hoje inúmeras terapias clínicas, com medicamentos tópicos, estimulação do couro cabeludo e mais recentemente laserterapia e fototerapia.

É importante deixar claro que se a causa for genética, nenhum tratamento clínico trará seus fios de volta. No máximo, poderá retardar a evolução de sua calvície. Em alguns casos, ocorre um engrossamento dos fios, dando uma impressão de que cresceu cabelo.

Os mais conhecidos são:

– minoxidil: Age melhorando a circulação local, o que conseqüentemente retardaria a queda do cabelo em teoria. Na prática não se obtém resultado e a cirurgia de microtransplante é a própria base para esta explicação, pois se o problema fosse a circulação sanguínea deficiente local, quando transplantássemos fios de cabelo na região, estes não conseguiriam sobreviver.

– finasterida: Age bloqueando a ação do dht no bulbo capilar e retardando a calvície. Tem maior efeito e eficácia em homens e nunca deve ser utilizado via oral nas mulheres, apenas, em alguns casos, tópico e com acompanhamento médico. . Dependendo da fase da calvície, da área afetada e da idade do paciente, a finasterida pode até mesmo melhorar o quadro de calvície já que, ao reverter o processo, engrossará os fios que estavam em fase de miniaturização, dando maior cobertura e portanto a “impressão” de que cresceu cabelo. Seu uso tem ação comprovada por 5 anos, retardando o processo de queda, mas sendo a calvície uma herança genética e não doença, este medicamento não provoca cura, mas sim postergação da queda em determinados casos.

– lasecomb (Laser): Vem como última tecnologia em termos de tratamento clínico. Novamente em teoria, a estimulação da circulação local, retardaria a queda e aumentaria e espessura dos fios que estavam em processo de calvície. Na prática, também não se obtém resultado pelos mesmos motivos do Minoxidil.

– Outros: Alguns especialistas utilizam tratamentos tópicos realizados em consultório, como a mesoterapia capilar: nesse tratamento, “princípios ativos” são injetados diretamente na derme (pele) do paciente, mas sem resultado na prática. O uso de shampoo anti-queda sempre foi muito popular, mas seus efeitos são muito limitados. São mais indicados para tratar outros fatores que contribuem para a queda de cabelo, como a dermatite seborréica (caspa) entre outros.

Resumindo, quando a causa da calvície é genética (como na grande maioria dos casos), os tratamentos clínicos são ineficazes porque partem do princípio que o problema está na má circulação e nutrição sangüínea na parte calva da cabeça. Isto é diretamente desmistificado pelo tratamento cirúrgico, onde as unidades foliculares transplantadas nestas regiões crescem e se desenvolvem normalmente, provando que a região não é problemática, mas sim a carga genética dos fios que ali se encontravam. Nos poucos casos onde existe uma causa patológica, aí sim têm-se nos tratamentos clínicos uma opção real.