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A Aids e os obstáculos do preconceito

Por Redação Doutíssima 01/12/2014

Descoberta há cerca de 23 anos, a Aids é uma das doenças que mais evoluiu em termos de tratamentos e pesquisas relacionados à sua cura. No entanto, essa sigla ainda é alvo de muitas dúvidas e preconceitos. Existe hoje uma urgência para a concientização das pessoas com relação à doença, o que é fundamental para evitar novos casos. 

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O Dia Mundial de Combate à Aids surgiu exatamente para esclarecer e sensibilizar o mundo diante da Aids. “Precisamos ter claro que qualquer pessoa que possua uma relação sexual sem nenhuma prevenção pode estar vulnerável à infecção por HIV. Não existe perfil do portador do vírus, embora, de tempos em tempos, são divulgados dados epidemiológico para tentar compreender o trânsito da epidemia. Esse aumento da incidência já ocorreu em pessoas idosas, mulheres, prostitutas, travestis, e pessoas do interior do país”, explica o psicólogo Salvador Corrêa, especialista em Saúde Coletiva e assistente da coordenação da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA).

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O que é a Aids e como podemos nos prevenir

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A Aids é uma doença sexualmente transmissível causada por um vírus chamado HIV(Vírus da Imunodeficiência Humana) que destrói as defesas do organismo. Por este motivo, a pessoa infectada pelo HIV fica sujeita a adquirir doenças graves que são chamadas oportunistas, tais como: tuberculose, pneumonia, alguns tipos de câncer, candidíase e infecções do sistema nervoso (toxoplasmose e as meningites, por exemplo).

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A transmissão pode ser feita de três maneiras muito bem definidas e caracterizadas:

 

– Contato com esperma e secreção vaginal (líquidos que estão presentes no corpo do homem e da mulher no momento da transa) contaminados, em práticas sexuais com penetração sem o uso da camisinha.

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– Contato com sangue contaminado, seja através de transfusões, seja através do compartilhamento de agulhas e seringas, principalmente entre usuários de drogas injetáveis.

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– Da mãe para criança durante a gestação, parto e aleitamento.

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A Aids e o preconceito

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Dia Mundial de Combate a Aids

Henrique Matoso, soropositivo há 16 anos.

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As pesquisas científicas e a descoberta de novos medicamentos fizeram com que a Aids fosse vista hoje mais como uma condição de vida do que propriamente um estado sintomático e destrutivo. Essa constatação mostrou que talvez mais fortes que os sintomas físicos provocados pela doença são os comportamentos discriminatórios aos portadores, males que a sociedade tem dificuldades para curar. O “vírus social” é o mais cruel e mata mais do que a Aids.

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“As pessoas são preconceituosas, isso está na natureza delas. E elas são também muito ignorantes, o que está ligado à propria evolução, pois o nível ainda é muito baixo”, conta Henrique Matoso,  51 anos, diagnosticado como soropositivo durante uma crise de toxoplasmose, aos 35 anos de idade.

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Um dos grandes mitos em relação à pessoa soropositiva está ligado à vida sexual, o que Henrique trata logo de afirmar: “a vida sexual existe enquanto se é sexual, e nenhum vírus “invisível” vai atrapalhar. O que bloqueia sempre é gente desinteressante, pois os cuidados devem ser os mesmos pra qualquer um”. Ele ainda mandou um recado que serve para todos: “Cuidem-se espiritualmente, pois é assim nos tornamos imbatíveis”.

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A Aids no Brasil

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Apesar dos estigmas impostos à doença, o Brasil teve uma reação rápida de busca por tratamento e controle, tornando-se pioneiro na quebra da patente para produção de antirretrovirais e na distribuição e tratamento gratuito aos soropositivos.

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O país já obteve uma resposta à epidêmia que foi reconhecida internacionalmente. E este reconhecimento foi em função da construção de uma resposta coletiva, feita com a participação da sociedade.

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“Há 16 anos não se sabia muito a respeito da doença, apenas que era uma espécie de câncer gay. Isso era fruto da ignorância das pessoas”, conta Henrique.

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Henrique é um bom exemplo de que hoje é possivel conviver com o virus de uma forma tranquila. A sobrevida de um soropositivo está diretamente relacionada à boa adesão ao tratamento que envolve desde mudanças na rotina (por exemplo, a prática exercícios físicos) até o uso correto de medicamentos antirretrovirais. O tempo de sobrevida varia de acordo com cada organismo, mas estudos apontam que o uso precoce da medicação antirretroviral pode prolongar a qualidade de vida e retardar o avanço da doença. “Posso até dizer que a minha vida ficou um pouco ‘melhor’, pois eu passei a receber benefícos, pude me aposentar e usufruir de direitos aos quais antes as pessoas não tinham acesso”, conta Henrique.

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Atualmente, segundo Henrique, “a limitação não está no tratamento, mas sim na cabeça de cada um. Eu sou soropositivo desde antes do coquetel (o que era uma sentença de morte)”. Ele lembra que sempre recebeu apoio das instituições públicas. “Fui muito bem assistido, e por mais incrível que pareça, o Brasil se posicionou muito bem com relação à assistência médica”.

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