Distúrbio neurológico, o autismo ainda é cercado de muito preconceito. A visão sobre a condição evoluiu na comparação com o passado, mas nem todas as pessoas sabem lidar bem com ela. Até a década de 80, por exemplo, as causas do autismo tinham relação com um distúrbio adquirido por influência do ambiente – a “culpa” recaía sobre os pais.
Atualmente, pesquisas demonstram um olhar mais apurado e científico em relação à doença, indicando que as causas do autismo são, essencialmente, genéticas.
Um estudo recente, divulgado em 2015 pelo Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido, sugere que as causas do autismo são quase inteiramente de origem genética.
A pesquisa avaliou 516 gêmeos e os pesquisadores detectaram que as taxas de Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram maiores em gêmeos idênticos, que compartilham o mesmo DNA. A conclusão foi de que a constituição biológica é responsável por entre 74% e 98% dos casos.
Mas as conclusões do estudo não eliminam totalmente outras hipóteses científicas já levantadas. Em seu blog, o Dr. Drauzio Varella explica que, apesar da herança genética desempenhar o papel mais relevante nas causas do autismo, o ambiente pode modificar a expressão dos genes.
Isso significa que não está ao alcance da biologia condicionar o destino da pessoa ao dizer quais são as causas do autismo, pois as deficiências podem ser contornadas com o aprendizado.
Como identificar as causas do autismo
Um artigo publicado recentemente no The New York Times destaca que os principais sintomas que levam os pais a desconfiarem do diagnóstico de autismo aparecem por volta dos 18 meses de idade, mas que, normalmente, eles só buscam ajuda quando a criança já está com dois anos.
Os portadores de TEA tipicamente têm dificuldades com a comunicação (verbal e não-verbal) e com a interação social.
Os sintomas variam de moderados a severos. O diagnóstico pode ser feito a partir da observação de características bem específicas do autismo, como movimentos corporais repetitivos, apego incomum a determinados objetos, angústia diante de mudanças na rotina, dificuldade em fazer amigos etc.
Outro fato interessante é que, dentro da relação de condições consideradas como autismo, apenas uma minoria dos portadores apresenta comprometimento intelectual grave.
Ao contrário disso, há autistas dotados de capacidades extraordinárias, como decorar mapas de cidades onde nunca estiveram e tocar ao piano sinfonias que acabaram de ouvir, sem errar uma nota.
Pessoas com perturbações do espectro autista têm uma expectativa média de vida semelhante à população geral, o que significa que a autonomia, funcionalidade e integração social podem ir se desenvolvendo ao longo da vida.
Mas é preciso ter atenção e não negligenciar a condição especial. A depender do grau de autismo, a pessoa pode acabar se colocando em situações de risco com mais frequência.
Causas do autismo: tratamento e inclusão
Não existe cura para o autismo. Mas é importante lembrar que o ambiente tem, sim, influência sobre a condição. Isso significa que, se estimulado corretamente, o autista pode desenvolver suas habilidades de interação social.
De acordo com a Associação de Amigos do Autista (AMA), o recomendado é que uma equipe multidisciplinar avalie e desenvolva um programa de intervenção orientado a satisfazer as necessidades particulares de cada pessoa portadora do diagnóstico.
O tratamento pode envolver consultas com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e educadores físicos.
A inclusão também desempenha um importante papel para o tratamento do autista. Na escola, a inserção social é trabalhada através do contato com os colegas e professores. Nesse contexto, o educador deve incentivar o autista a explorar ao máximo suas potencialidades.
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