Muitas têm sido as dúvidas sobre a vacinação contra HPV. Pais e responsáveis suspeitam que a vacina não seja eficiente ou que acarrete prejuízos à saúde das meninas de 11 a 13 anos, alvos da imunização.
O objetivo da vacina é prevenir o câncer de colo de útero, que pode ser provocado por infecções causados pelo vírus HPV, sexualmente transmissível.
Essas dúvidas e suspeitas ganham força com notícias como a divulgada recentemente pelo médico francês Bernard Dalbergue, que foi demitido do laboratório onde trabalhava e passou a afirmar que a vacinação contra HPV causa sérios problemas. Mas, especialistas, aqui no Brasil, defendem o uso da vacina. Anualmente, o Ministério da Saúde promove campanhas pela imunização.
A coordenadora do Comitê Científico de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marta Heloísa Lopes, é categórica: o que se sabe sobre vacinação contra HPV é que é uma vacina eficiente na prevenção da infecção causada pelo papilomavirus (HPV), que pode causar o câncer de colo de útero.
Sobre a eficácia contra o câncer, afirma Marta, só será possível saber em 10 ou 15 anos. “Mas, com toda a certeza, sabemos que ela controla a infecção”, assegura a coordenadora.
Trata-se, segundo a médica, de uma constatação oriunda de estudos sérios e de publicações conceituadas. E, quanto à notícia de Dalbergue, ela diz ser uma manifestação sensacionalista, sem embasamento científico.
Reações da vacinação contra HPV
Assim como outros tipos de vacina, diz Marta, a vacinação contra HPV pode sim ter reações. No entanto, reforça, são sinais que estão dentro da normalidade. Dores de cabeça ou náuseas, mal-estar, podem ocorrer. “Não é verdade que a vacinação contra o HPV tem efeitos colaterais”, salienta Marta.
Os conhecimentos que se tem, diz a coordenadora, são baseados em estudos e na prática. Em todo o mundo tem ocorrido a vacinação contra HPV e não se observa nenhum problema entre as meninas que são vacinadas.
“O único sintoma que podemos relacionar é o desmaio em consequência da dor local. Por essa razão, a vacina deve ser aplicada com a menina deitada ou sentada, seguida de observação por 15 minutos”, completa.
Vacinação contra HPV no Brasil
A vacina distribuída no Brasil através do Sistema Único de Saúde (SUS) é do tipo quadrivalente, que protege contra quatro tipos de HPV: 6, 11, 16 e 18. Dois deles (o 6 e o 11) respondem pelo aparecimento de 90% das verrugas genitais. Os outros dois (o 16 e o 18) estão relacionados com 70% dos casos de câncer de colo de útero. “É uma vacina extraordinária”, diz Marta.
O câncer de colo de útero é uma das manifestações de maior incidência entre as mulheres. Além da vacina, a prevenção também envolve o exame Papanicolau, que identifica possíveis lesões precursoras de câncer. Com o diagnóstico e a intervenção terapêutica precoces, é possível evitar o desenvolvimento da doença.
A expectativa do Ministério da Saúde é de que a combinação de vacinação com o teste preventivo, este realizado a partir dos 25 anos, permita que as garotas vacinadas nesta campanha sejam as primeiras em que o câncer de colo de útero seja eliminado como causa de morte entre as mulheres.
A vacina também está disponível na rede privada, mas tem alto custo, cerca de R$ 500. “Por isso é importante que os pais e responsáveis estejam atentos ao calendário de vacinação oferecido pelo governo”, complementa Marta.
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