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Consumo diário de refrigerante pode causar cirrose

Por Redação Doutíssima 09/06/2015

Especialistas alertam para o número crescente de pessoas com cirrose ocasionada pela ingestão excessiva de açúcar. A doença é geralmente ligada à ingestão de bebidas alcoólicas, mas dados médicos comprovam que o consumo de refrigerante e de açúcares também têm ocasionado a esteatose hepática (fígado gorduroso), que pode progredir para cirrose ou até mesmo câncer.

 

O problema não atinge apenas pacientes alcoólatras, mas também cada vez mais obesos e diabéticos. “Nós temos muitos exemplos de pacientes que não bebem uma gota de álcool, nunca tive hepatite viral, e são diagnosticados com cirrose. O único fator de risco que comprovamos é a ingestão diária de refrigerante“, diz o médico e professor francês Lawrence Serfaty, em entrevista ao jornal Le Fígaro.

 

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O consumo de refrigerante aumenta os riscos de cirrose. Foto: Istock.

 

Consumo de refrigerante

Segundo uma pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em 2011, cerca de 15 milhões de litros de refrigerantes são consumidos por dia no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 52,5% da população brasileira está acima do peso.

 

Desse total, 17,9% são considerados obesos. Nos Estados Unidos, 35% dos adultos americanos têm fígado gordo. Quando o órgão é muito danificado, o transplante é uma das únicas alternativas. A esteatose hepática tornou-se a principal indicação para transplantes de fígado nos Estados Unidos.

 

Um estudo publicado no início deste mês por pesquisadores norte-americanos no Journal of Hepatology, mostra que as pessoas que ingerem diariamente bebidas açucaradas são 55% mais propensas a desenvolver esse tipo de doença. A pesquisa foi feita com 2.634 pacientes.

 

Outro estudo norte-americano convidou os voluntários a comer em fast food duas vezes por dia. Os cientistas constataram que em duas semanas os pacientes tiveram um considerável aumento da transaminase, tipo de enzima que reside nas células do fígado, mas quando o órgão está com alguma alteração ela é derramada no sangue. O resultado mostrou também que a doença do fígado gorduroso está presente cada vez mais em adolescentes.  

 

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Médicos apontam um crescimento no número de adolescentes obesos e com a doença do fígado gorduroso. Foto: Istock.

 

Doença silenciosa 

A dificuldade é que essa doença, ainda pouco conhecida, evolui silenciosamente, sem sintomas e geralmente “escondida” por outros fatores de risco, como o sobrepeso ou a obesidade (90% de obesos seriam afetados).  “Nesses pacientes, o médico geralmente monitora o risco de diabetes, doença cardiovascular, acúmulo de gordura nas artérias, mas muitos profissionais se esquecem de que o fígado também pode ser atingido”, lamenta Vlad Ratziu, professor de Hepatologia do Hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris, em entrevista à mídia francesa.  

 

Estudos mostram também que dietas rígidas podem gerar o acúmulo de gordura no fígado. Como esse tipo de regime altera o metabolismo, o organismo produz mais substâncias tóxicas. O fígado, responsável por filtrar as impurezas do sangue, passa a trabalhar de forma desregulada. 

 

Os especialistas afirmam que primeiro tratamento para prevenir a doença do fígado gorduroso é adotar um estilo de vida saudável, o que inclui perda de peso, exercícios físicos e uma dieta equilibrada. “Melhor ingerir uma taça de vinho do que um litro de refrigerante”, brinca o hepatologista Lawrence Serfaty.

 

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