A endometriose profunda é uma doença associada à dor muito severa, sendo provavelmente um cofator para a infertilidade. Para tratá-la geralmente é necessário recorrer à cirurgia, mas um estudo brasileiro sugere que há um tratamento menos invasivo e mais eficaz. A eletroestimulação pode ser a chave para o alívio das dores pélvicas femininas.
Eletroestimulação pode ajudar no alívio da dor
O uso de eletricidade para tratamento da dor remonta a milhares de anos: egípcios antigos e mais tarde gregos e romanos já usavam peixes elétricos capazes de gerar choques para aliviá-la. A eletroestimulação parte desse princípio, sendo um método de aplicação de corrente elétrica para excitação e ativação de certos órgãos e sistemas do corpo humano.
Pesquisadores do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Campinas sugerem que essa técnica pode ser usada para tratar mulheres diagnosticadas com endometriose profunda. Trata-se de uma doença inflamatória crônica, que se estima afetar entre 5% a 15% de mulheres em idade reprodutiva. Além disso, é uma causa comum da dor pélvica e da infertilidade.
Os resultados desse estudo foram publicados no European Journal of Gynecology and Obstetrics. Segundo os dados obtidos, todas as mulheres avaliadas e submetidas a esse tratamento relataram ter sentido uma diminuição da dor sintomática após a sessão de eletroestimulação. Não bastasse isso, ainda mencionaram uma melhoria no bem-estar social e emocional, principalmente na autoestima.
Os reflexos também se relevaram a longo prazo. Como todas as mulheres investigadas responderam ter aumentado a qualidade de vida já que ficaram longe da dor, elas indicaram ainda que houve notável melhora no desempenho sexual.
Em outras palavras, o método parece ser uma ótima opção porque é um tratamento não invasivo e que não possui contraindicações ou efeitos colaterais.
Endometriose profunda é patologia rara
A endometriose é uma doença na qual o tecido que normalmente reveste o interior do útero – endométrio – cresce fora dele e envolve mais comumente os ovários, o intestino ou o tecido que reveste a pélvis. Raramente, esse tecido pode se espalhar para além da região pélvica.
Deslocado, esse tecido continua a agir normalmente – ou seja, engrossa, se rompe e sangra a cada ciclo menstrual. Quando a endometriose envolve ovários, cistos chamados endometriomas podem se formar – e com isso o tecido circundante fica irritado e, eventualmente, desenvolve tecido cicatricial e aderências que ligam órgãos.
A forma mais grave dessa doença é a chamada endometriose profunda. Ela ocorre quando os tecidos se deslocam para as seguintes áreas: reto e vagina (endometriose reto-vaginal), intestino, apêndice, ureter, bexiga, bexiga e útero (dobra uterovesical) ou parede pélvica. Pode ainda atingir nervos, como o ciático.
Dentre os seus principais efeitos está a dor – muitas vezes grave, especialmente durante a menstruação. Além disso, é possível a ocorrência de problemas de fertilidade quando se desenvolve a doença.
Os médicos são aconselhados a considerar a realização da remoção cirúrgica da endometriose profunda, uma vez que reduz a dor associada e melhora a qualidade de vida. Trata-se de um procedimento potencialmente perigoso, dependendo do local em que o tecido deslocado se encontra.
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