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Neuropatia diabética: tratamento com estimulador medular

Por André Marques Mansano 23/03/2016

O diabetes é uma doença crônica caracterizada pela dificuldade ou incapacidade do organismo em controlar os níveis de glicose (açúcar) no sangue. Ele está associado a diversas complicações como danos nos nervos (neuropatia), nos rins (nefropatia), retina (retinopatia) e vasos sanguíneos (vasculopatia).

Sua prevalência tem aumentado de forma exponencial em todo o mundo de modo que mais de 250 milhões de pessoas hoje sofrem com a doença. Atualmente sabe-se que 15% dos pacientes com diabetes desenvolvem o que chamamos de neuropatia diabética dolorosa.

O que é a neuropatia diabética dolorosa?

A neuropatia diabética dolorosa é uma complicação resultante dos níveis elevados de açúcar no sangue durante vários anos, ocorrendo principalmente em pacientes com diabetes não controlado adequadamente.

Os principais sintomas da neuropatia diabética são dormência, formigamento e dor em queimação, principalmente nos pés, pernas e mãos. Os sintomas tendem a piorar no período noturno, ao toque ou ao pisar no chão.

Como é feito o diagnóstico da neuropatia diabética?

O diagnóstico da neuropatia diabética é realizada principalmente por critérios clínicos ou seja, pelas informações obtidas pela entrevista médica e pelo exame físico.

Um exame chamado eletroneuromiografia pode auxiliar no diagnóstico. Nesse exames, pequenos estímulos elétricos são realizados nos nervos dos braços e pernas e um especialista analisa o traçado obtido.

 

neuropatia

A neuropatia diabética pode ser tratada com o estimulador medular. Foto: iStock/GettyImages

 

Como é realizado o tratamento da neuropatia diabética dolorosa?

O tratamento da neuropatia diabética passa obrigatoriamente pelo controle adequado dos níveis de açúcar do paciente. Alguns medicamentos específicos, como anticonvulsivantes, podem ser utilizados na tentativa de estabilizar a função dos nervos danificados pelo diabetes.

Apesar dos avanços tecnológicos no desenvolvimento de novas medicações, apenas 30% dos pacientes apresentam alívio de mais de 50% da dor com uso de medicamentos. É importante, então, que busquemos alternativas para o melhor tratamento desses pacientes.

Neuropatia diabética e o uso do estimulador medular

O estimulador medular é uma técnica intervencionista para o tratamento extremamente moderno. Consiste na colocação de um eletrodo que repousa sobre a medula do paciente, ligado a um gerador que fica implantado como um marcapasso debaixo da pele. O gerador emite pequenas descargas elétricas que têm a capacidade de inibir os impulsos dolorosos ao nível da medula espinhal.

Um estudo realizado conjuntamente na Bélgica, Holanda e Dinamarca avaliou a eficácia do uso do estimulador medular em pacientes com neuropatia diabética que não melhoravam com os medicamentos padrão.

Os cientistas selecionaram 60 pacientes e trataram parte deles com o estimulador medular, e outra parte deles sem. Os investigadores concluíram que a média da intensidade da dor diminuiu de 7,2 (em uma escala de zero a 10) para 2,3 nos pacientes que foram submetidos ao procedimento.

A melhora dos pacientes que utilizaram o estimulador foi mais do que o dobro daqueles que não o utilizaram, resultando em alívio em 93% dos pacientes deixando claro que é uma técnica extremamente válida para o tratamento dos pacientes com neuropatia diabética refratária ao uso de medicamentos.

 

Dr. André Marques Mansano é graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina. Recebeu do Instituto Mundial de Dor (World Institute of Pain) um título internacional denominado: “Fellow of Interventional Pain Practice”, em Budapeste. Médico Intervencionista da Dor na SINGULAR – Centro de Controle de Dor e no Hospital Israelita Albert Einstein / SP.  Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira (AMB). Membro do Comitê de Educação do “World Institute of Pain” e Membro da Sociedade Brasileira dos Médicos Intervencionistas em Dor. Site web: http://www.drandremansano.com.br/

 

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