Terapias alternativas são sempre bem-vindas na medicina, especialmente se usadas para a melhora da qualidade de vida de pacientes portadores de doenças ainda sem cura, como é o caso do mal de Parkinson. Em Porto Alegre, um projeto envolvendo o euro treino adaptado tem mostrado bons resultados.
Euro treino e os portadores de Parkinson
Baseado na caminhada nórdica, atividade que utiliza bastões de esqui para fazer trilhas, um estudo da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (Esefid), realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), tem apresentado ganhos em diversas capacidades dos pacientes.
Foram apresentados progressos nos sintomas motores, no equilíbrio corporal, na mobilidade funcional, na velocidade, na função cognitiva, nos quadros depressivos. Ou seja, na qualidade de vida como um tudo.
Orientada pelo professor Leonardo Tartaruga, a mestranda Elren Passos acompanhou 33 pessoas com mais de 50 anos que são portadoras da doença de Parkinson. Do total, 17 foram submetidas a um programa de caminhada tradicional e 16 ao programa de caminhada nórdica.
Após os testes iniciais, os participantes foram acompanhados por nove semanas. As três primeiras foram reservadas para a familiarização dos voluntários e as seis restantes para os treinos e avaliações. Os resultados surpreenderam.
Ganhos para além do físico
De modo geral, foram observadas melhoras nos dois grupos. O euro treino, entretanto, se mostrou mais eficaz para quase todos os parâmetros avaliados. Um dado que chamou a atenção foi a redução dos episódios de freezing, que consiste no congelamento da caminhada e na inabilidade de se mover temporariamente.
Segundo os avaliadores, os bastões são capazes de reverter instantaneamente o fenômeno e ajudar na locomoção. Para Tartaruga, entretanto, um dos efeitos mais importantes não é registrável quantitativamente: a mudança no estado psicológico dos participantes.
“Antes, muitos estavam entregues à doença, não caminhavam, se afastaram da família. Agora, voltaram a dirigir, a andar de roller, de bicicleta, a visitar os amigos. Até familiares vieram nos procurar. Filhos e esposas que diziam o quanto mudou o relacionamento com a família”, ressalta.
Já Elren destacou a melhora na rotina de sono e na alimentação de alguns dos voluntários e deu destaque ao vínculo que se formou entre eles. Segundo ela, a pista de atletismo virou ponto de encontro entre as turmas. “Eles passaram a se comunicar também por redes sociais e a combinar aniversários, piqueniques. Deixaram de viver em função da doença, isolados em casa”, resume.
Vale lembrar que o mal de Parkinson é uma doença neurológica, crônica e progressiva que atinge o sistema nervoso central. Sua causa está na morte de células do cérebro. Apesar de ainda não ter cura, hoje é possível manter a rotina de trabalho e lazer. Projetos como o euro treino, desenvolvido pela pesquisadora da UFRGS, estão aí para comprovar isso.
E você, o que achou do euro treino? Ele não é alternativa apenas para quem sofre com a doença.