Não há dúvidas de que o casal “Brangelina” é um dos mais famosos do mundo e, como não poderia deixar de ser, é grande o interesse por tudo que envolve esta linda e miscigenada família hollywoodiana. Já há algum tempo, Shiloh (10 anos), filha de Angelina Jolie e Brad Pitt, desperta curiosidade e discussões por, desde bem pequena, exibir um visual característico de meninos, tanto no corte de cabelo, quanto no jeito de vestir.
A possível transgenia da filha de Angelina Jolie e Brad Pitt
A psicóloga Waldirene Andrade alerta que apenas o gosto isolado por vestimentas do sexo oposto não é uma característica de transgêneros. “Há crianças que não irão se identificar com o que é característico do seu gênero e nem por isso será trans. A especialista dra. Joana Olson chama de preditivos de persistências, indícios de comportamentos e atitudes que irão persistir ao longo do desenvolvimento da criança”, explica.
Em uma entrevista antiga para a apresentadora Oprah Winfrey, o casal chegou a declarar que Shiloh se identifica como um menino. Brad contou que costuma ser corrigido pela filha quando a chama pelo seu nome: “Se eu digo ‘Shi, você quer…’, ela me interrompe e diz ‘John, sou John’. Então eu digo: ‘John, você quer suco de laranja?’. E aí ela responde: ‘não!'”.
Para a psicóloga, o respeito dos atores pela escolha da filha é um exemplo para outros pais que passam por situação parecida: “A aceitação de si mesma passa muito pela aceitação dos pais. Eles precisam ser referências positivas na vida dos filhos, ajudando a se reconhecerem e se respeitarem. Afinal, amar é respeitar”.
No caso da Shiloh (ou John), o que acontece é uma transição social, que pode se mostrar definitiva ao longo do tempo ou não. São mudanças de nomes, roupas e situações sociais em que se apresentam em outro gênero. Em casos em que a transgenia é comprovada, só são consideradas intervenções médicas já na fase adulta, após um longo processo que envolve ajuda psicológica.
Ainda nessas situações precoces de desconforto com o gênero, é preciso ouvir a criança, entender suas particularidades e fugir de estereótipos. “Vivenciar o desconforto com a própria identidade sexual é sofrido e doloroso e o que puder ser feito para auxiliar o sujeito a ir ao encontro consigo mesmo é fundamental para a construção e manutenção da saúde física, mental e emocional da pessoa”, recomenda a psicóloga. “É claro que é uma situação complicada para todos os envolvidos. É preciso ter coragem e força para orientar e ajudar o filho a lidar com toda discriminação que ele enfrentará”, completa.
Para finalizar, a psicóloga lembra uma frase da filósofa Rosa Luxemburgo que resume o pensamento que deve prevalecer em situações em que somos confrontados com o novo e o diferente: “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”. Sem dúvidas, Angelina e Brad estão fazendo suas partes para tornar esse ideal um pouco mais real.