Sexualidade

Desvende os mitos que rodeiam o desejo sexual feminino

Por Gerson Lopes 31/03/2015

O que é o desejo sexual feminino? Popularmente conhecido como “tesão”, podemos entendê-lo como a parte encoberta da resposta sexual, pois nesta fase o corpo ainda não manifesta reação visível. É tudo na “cabeça”. Bem diferente da fase de excitação, onde percebemos muitas reações corporais, genitais e não genitais.

 

desejo sexual feminino

O desejo pode muitas vezes surgir com a necessidade irresístivel pelo corpo do outro. Foto: Shutterstock.

 

Na fase de desejo ou “tesão” a pessoa percebe uma tensão sexual espontânea ou quando se vê diante de estímulos sexuais positivos (tato, fantasia, visão, olfato e audição) e isso é processado no cérebro através de neurotransmissores excitatórios (mensageiros químicos que favorecem a comunicação do sistema nervoso).

 

Embora, muitas vezes, o desejo surja como uma necessidade irresistível pelo corpo do outro, sem estarmos sob seu domínio. É justamente por causa deste incontrolável fascínio, que nos arrebata e nos deixa vulneráveis, que inúmeros mitos se criaram, complicando nossa experiência amorosa. Selecionamos os mais comuns para vocês.

 

O desejo sexual dos homens é maior do que o desejo sexual feminino

 

É igual para os dois. Muitas pessoas acreditam que a mulher precisa de uma razão para fazer sexo, enquanto o homem apenas de um lugar. Na verdade, a maioria das mulheres depois de um tempo de relacionamento com a mesma pessoa, perde o desejo espontâneo, o desejo pela falta de sexo, muito comum entre homens.

 

O desejo sexual feminino é quase sempre desencadeado pela intimidade e a partir de estímulos ele (o desejo) pode ser despertado pelas sensações de prazer durante a brincadeira sexual. Muitas mulheres não têm desejo pela falta, vindo a aparecer com a intimidade sexual, o grande motor da sexualidade feminina.

 

O desejo sexual espontâneo feminino tende a aparecer nas situações de novidades de parceiros, no reatamento de um relacionamento e naquelas que não tomam “pílula” ou não usam nenhum outro método contraceptivo que alterem seu ciclo menstrual natural.

 

 

desejo sexual feminino

A monotonia sexual no casamento pode inibir o desejo.  Foto: Shutterstock.

O casamento acaba com o desejo

 

Em uma relação duradoura, o desejo sexual não acaba apenas pode se modificar. Nos primeiros estágios de um relacionamento, guiado pela novidade ele tende a ser mais intenso. A razão de o desejo muitas vezes arrefecer com o evoluir do casamento não é por causa dele em si, mas porque é complicado para o casal amadurecer junto e superar a rotina. A monotonia sexual no casamento, onde o sexo é feito sempre do mesmo jeito e no mesmo local, pode sim, inibir o desejo. Enamorar-se sempre é a dica para impedir isso, mas concordo que no mundo atual, isso nem sempre é fácil, porém não impossível.

 

Qual o segredo para evitar o tédio na relação? O casal deve procurar incrementar sua vida sexual, usando e abusando da criatividade. Que tal comprar uma lingerie nova, voltar a freqüentar motéis ou transar em locais inusitados? Ou não ter pudor de realizar as fantasias sexuais mais secretas, assistir a vídeos eróticos, ou um passeio pelo Sex Shop? Enfim, tudo isso pode dar outra cara ao sexo e iniciar um novo ciclo de desejo.

 

O desejo sexual é controlado pelos hormônios

 

O desejo está em nossas mentes. Ele é gerado no cérebro, no mesmo lugar em que a fala e a linguagem são processadas. Depende de estímulos sensoriais. Por isso, os gestos, os olhares e o tom de voz escondem um enorme erotismo.

 

A oscilação dos níveis hormonais durante o ciclo menstrual de fato existe e interfere na disposição das mulheres para o sexo. Entretanto, isso não significa que os hormônios tenham o papel mais importante no controle do desejo. Se isso fosse verdade, ele simplesmente desapareceria na menopausa, o que não é verdade. Nessa fase, algumas mulheres sentem que o desejo aumentou, em geral, pelo fato de não precisarem mais se preocupar com o risco de uma gravidez.

 

Podemos concluir que no determinismo da sexualidade os fatores hormonais são importantes; porém, fatores emocionais, sociais e culturais são tanto ou mais significativos.

 

desejo sexual feminino

Foto: Shutterstock; A ausência de orgasmo de maneira nenhuma qualifica a mulher como frígida

 

Mulher que não tem orgasmo é frígida

 

A revolução sexual conquistou o direito das mulheres terem e demonstrarem o prazer, inclusive o prazer do orgasmo. Mas, como toda revolução, em alguns aspectos se revelou radical. Surgiu a ditadura do orgasmo. Se antes elas não tinham o direito de demonstrar prazer e/ou orgasmo, hoje têm a obrigação de tê-lo. Isso significa uma incrível inversão de valores.

 

A ausência de orgasmo de maneira nenhuma qualifica a mulher como frígida ou portadora de disfunção de desejo. Pelo contrário, muitas mulheres que não têm orgasmo, têm muita facilidade de excitar e têm desejo sexual. No caso de ausência de orgasmo e conseqüente ansiedade para tê-lo, a evolução, infelizmente, pode se dar: primeiro não conseguir mesmo vir a tê-lo (quanto mais se quer e mais tensa fica a mulher para se ter o orgasmo, mais difícil é ele acontecer); com o tempo, ela percebe comprometimento crescente na sua capacidade de excitar (de realmente sentir prazer) e pode vir, inclusive, a perder o desejo sexual, e até mesmo sentir-se com aversão ou fobia sexual.

 

O amor é estimulado pelo desejo

 

É o amor que o estimula. Infelizmente, quando as mulheres sentem menos desejo, seja qual for a razão, começam a duvidar de seu amor pelo parceiro. O real obstáculo para o desejo sexual nada tem a ver com a ausência desse sentimento.

 

É sempre bom lembrar que as mulheres em geral fazem sexo quando estão bem e os homens fazem sexo para se sentirem bem. Dizem que elas através do amor descobrem o sexo, ao contrário dos homens. Particularmente, acredito que isso possa ter sido verdade em outros tempos, hoje não.

 

Não tenho nada contra o sexo casual, porém acredito que a existência do amor (mais ainda a paixão) se constitui em um grande afrodisíaco! Vocês concordam ou discordam?

 Gérson Lopes

 

Gerson Lopes é médico e sexólogo. Ele também é autor do blog “Vinho e Sexualidade“.

 

 

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