Em toda e qualquer relação entramos com 50% e a outra pessoa também entra com 50%. Sempre. Pelo menos para a Gestalt Terapia, que via responsabilizar os sujeitos em suas relações e escolhas e vê o homem como um ser autônomo e responsável por sua vida, modo de agir e escolhas, e não como vítima das situações.
Isso assusta muitas pessoas. Já ouvi muitas vezes: não, mas eu só tive 30% naquela relação/acontecimento, a maior parte foi de fulano… eu fui vítima naquele caso ou outro… enfim. Muitos não conseguem enxergar as coisas dessa forma e se implicar ou se responsabilizar por suas vidas e por suas relações. É sempre mais fácil culpar ou responsabilizar o outro, o externo, o mundo, a vida, a família, o planeta, o governo, e assim por diante. A posição de vítima as vezes é mais confortável.
Vida X Responsabilidade
Vi um vídeo uma vez que entrevistava algumas pessoas que fizeram mudanças radicais em suas vidas, em umas das entrevistadas uma mulher falava algo do tipo: ” – é difícil olhar pra nossa vida, ver que não está bom e se dar conta que se está como está a responsabilidade é toda nossa… assim como mudar ou piorar também é com a gente.”
Isso é uma grande verdade. Claro que dentro da realidade que vivemos e das possibilidades que temos ou podemos criar/ter. Muitos clientes chegam nas clínicas de psicologia para culpar os outros por suas mazelas, e muitos não querem promover mudanças consideráveis, querem manter tudo como está. Parece mentira, mas não é. Isso é uma grande verdade. Se responsabilizar não é nada fácil. As vezes é dolorido e causa muito desconforto.
O fato é que é preciso, é necessário, é saudável. Tomar as rédeas da vida, como diz o senso comum. Muitos e muitos passam a vida toda se vitimizando e culpando a tudo a todos pelas dificuldades e decepções. Não se implicam, não se enxergam como autores de suas vidas. São eternas vítimas da vida. A divisão entre vítimas e culpados é muito complicada. A posição de vítima nos deixa sem parcela de responsabilidade, muitas vezes, sem poder agir e mudar as coisas. Claro que estou falando de adultos, de pessoas que podem decidir, escolher e ser conscientes disso.
Sartre tem uma frase que gosto muito, que sempre cito e acho que tem a ver com o que acabei de falar:
“Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim.” de Jean-Paul Sartre