Desde o início desta semana, mulheres têm usado a hashtag #meuamigosecreto nas redes sociais para denunciar atitudes machistas que abordam desde casos de assédio no trabalho a abusos físicos e sexuais. A campanha criada espontaneamente faz alusão irônica à tradicional brincadeira de fim de ano, o amigo-secreto.
O movimento ganhou força principalmente pela passagem do Dia Internacional de Luta pelo Fim da Violência contra a Mulher, comemorado na quarta-feira, 25 de novembro.
As usuárias de redes sociais, como Facebook e Twitter, compartilham suas próprias histórias e fazem alertas contra homens que se dizem contra abusos, mas se valem da militância e eventos feministas para conquistar mulheres.
Paralelamente, homens e mulheres incomodados com os comentários da campanha feminista, criaram a hashtag #minhaamigasecreta e tentam descaracterizar e difamar os desabafos feitos com a hashtag #meuamigosecreto.
Figuras públicas como a ex-candidata à Presidência da República Luciana Genro e as deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Luiza Erundina (PSB-SP) e Margarida Salomão (PT-MG) participaram da campanha denunciando o machismo cotidiano vivenciado na política.
Já Danilo Gentilli, Rafinha Bastos e outros famosos tiveram suas frases e atitudes machistas veiculadas para que ninguém esqueça que celebridades e formadores de opinião também podem disseminar a cultura da violência contra a mulher através de piadas preconceituosas.
#meuamigosecreto e a briga entre marido e mulher
De acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres, em 2013 foram registrados 13 feminicídios por dia. O Brasil ocupa a 5ª posição no ranking de homicídios femininos, com uma taxa de 4,8 assassinatos por cada 100 mil mulheres.
Segundo a última pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Lei Maria da Penha ajudou a diminuir em 10% a taxa de homicídios domésticos quando comparada ao levantamento de 2006.
Ainda sim, a violência contra a mulher atinge números inaceitáveis e campanhas como #meuamigosecreto e #meuprimeiroassedio invadem a internet e se fazem necessárias. A persistência desse tipo de violência é explicado pela assistente social Michelle Dias, membro da Comissão de Instrução do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo (CRESS-SP).
“A Lei Maria da Penha é uma normativa completa, que abraça desde a esfera protetiva, de punição, até a reeducação dos homens que cometem agressão e a prevenção dos crimes domésticos”, avalia. “Ainda assim, o fenômeno da violência contra a mulher persiste, agravado pela estrutura da nossa sociedade”, lamenta Michelle.
Todos contra o machismo nosso de cada dia
Atitudes em prol da integridade da mulher estão saindo do papel e da internet. Desde 2005, o governo federal disponibilizou o Ligue 180, uma Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, que funciona 24 horas de segunda a segunda, inclusive em feriados. Essa central recebe ligações de qualquer lugar do Brasil e mais 16 países.
Atualmente o País conta com 464 delegacias especializadas em atendimento à mulher, 165 centros de referência, 72 casas-abrigo, 58 Defensorias e 21 Promotorias especializadas.
Em 2014, a ONU Mulheres lançou a campanha #HeForShe, que visa unir homens e mulheres em prol da igualdade de gênero e econômica. A embaixadora da boa vontade dessa ação é a atriz Emma Watson.
“Os países têm a obrigação de combater a violência contra a mulher. Mas também precisamos mudar atitudes”, alertou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no dia de lançamento da campanha, ressaltando que uma em cada três mulheres é vítima de algum tipo de violência no mundo.
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