O cozinheiro particular da modelo Gisele Bündchen e do jogador de futebol americano Tom Brady acendeu um debate quando revelou ao portal americano Boston que o casal eliminou o tomate da dieta. O motivo? A solanina, uma substância tóxica presente no fruto, na batata inglesa, no pimentão e em outros alimentos da família dos solanáceos.
Em artigo publicado no portal especializado em nutrição NutriTotal, Alweyd Tesser, nutricionista e pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) explica que se trata de uma substância tóxica de sabor amargo.
Entenda os perigos da solanina
A solanina, conforme aponta a nutricionista, é um alcaloide: uma espécie de composto orgânico que funciona como mecanismo de defesa para a planta. Em humanos, a substância aparenta ter um efeito tóxico maior do que em outros animais. Os principais sintomas de sua ingestão costumam ser diarreias, vômitos e problemas gastrointestinais.
A ciência aponta que, em humanos, o composto se acumula em maior quantidade no fígado. Estima-se que, mesmo em indivíduos saudáveis, apenas 78% da substância é eliminada através das fezes e da urina no período de 24 horas após a ingestão. Isso sugere um perigo de acumulação, especialmente em pessoas com órgãos já intoxicados.
Dependendo do grau de intoxicação, a presença de solanina pode ocasionar perda de consciência, ansiedade, dificuldade de articular palavras, rigidez generalizada, espasmos nos dedos e, até mesmo, parada respiratória. São, de fato, sintomas assustadores. Mas isso não significa que você deve eliminar o tomate e a batata definitivamente da dieta.
Segundo Alweyd, os níveis presentes nos solanáceos foram avaliados ainda em 1992 pelo Comitê de Especialistas da Organização Mundial da Saúde em Aditivos Alimentares, que avalia o risco das toxinas presentes em alimentos. Eles concluíram que a ocorrência natural da substância em batatas não oferece preocupação à saúde.
A maioria dos estudos considera, portanto, que a ingestão diária de 300 gramas de batata é aceitável. O principal cuidado que se deve ter é com o estado do alimentos. Isso porque as quantidades de solanina aumentam quando a planta está doente, em fase de brotamento ou verde por conta da exposição solar.
Se o alimento estiver em condições ruins, nem mesmo o processo de cozimento evita a intoxicação. Principalmente porque a solanina é insolúvel em água e estável ao calor.
Tomate: consumir ou não?
Considerando que os níveis naturais de solanina em tomates saudáveis não oferecem riscos ao organismo, optar por manter ou não o alimento na dieta é uma escolha muito pessoal. Mas há quem defenda a retirada completa do fruto do cardápio, como é o caso da chef de cozinha Bela Gil.
A apresentadora, formada em nutrição pela Hunter College, de Nova York, sugere que os efeitos da solanina são ainda mais prejudiciais em pessoas sensíveis e com predisposição genética à inflamação do intestino ou das juntas. Especialmente diante dos hábitos de consumo dos brasileiros, que normalmente incluem mais de um solanáceo diariamente.
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