Especialmente nos últimos meses, o mosquito Aedes aegypti voltou a ser foco de preocupação, sobretudo por conta do zika vírus, relacionado ao surto de microcefalia no país. Mas enquanto a nova doença ainda desperta atenção, especialistas também seguem preocupados com uma velha conhecida dos brasileiros: a dengue.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, foram notificados 1,6 milhão de casos no ano passado. Já são mais de 170 mil novas suspeitas só neste início de 2016. No estado de Minas Gerais, por exemplo, 19 óbitos foram registrados até a última terça-feira-, dia 15, segundo o boletim mais recente da Secretaria de Estado de Saúde.
Mosquito Aedes aegypti e a dengue
O quadro clínico da dengue varia muito e pode levar à morte, conforme sinaliza o médico José Geraldo Barbosa Jr. A transmissão da doença ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti, como no caso da zika e da chikungunya.
A manifestação dos sintomas começa cerca de cinco a seis dias depois do contato com o inseto, após o período de incubação do vírus. Conforme aponta Barbosa, a doença pode ser confundida com uma gripe na fase inicial, o que tende a retardar o diagnóstico.
Os primeiros sinais mais comuns da infecção são a febre alta, dor de cabeça e nos olhos. Além desses sintomas iniciais, o paciente poderá sentir náuseas e dores no corpo, além de ter vômito, diarreia, sangramentos, erupção e coceira na pele. Muitas dessas manifestações, porém, dependem da idade da pessoa.
Conforme ressalta o médico, a dor abdominal generalizada ocorre principalmente em crianças. Já os adultos podem apresentar quadros hemorrágicos, como sangramento pelo nariz e gengivas ou até nas fezes e na urina. Diante desses sintomas, é fundamental procurar assistência médica.
O diagnóstico de dengue poderá ser feito por meio de exame clínico. Ainda não há um tratamento disponível diretamente para a doença, apenas remédios que aliviam as dores. Ainda assim, quanto mais rápido a doença for detectada, menores são as chances de complicações.
Vale lembrar que a prevenção ainda é a melhor escolha para evitar o problema. Ou seja, nada de água parada e cuidado com o mosquito Aedes aegypti. Usar repelentes e telas protetoras em janelas também são medidas que podem ajudar.
Complicações da doença
Conforme evidenciam os casos notificados em Minas Gerais, a dengue pode matar. Principalmente quando a pessoa infectada sofre alterações na coagulação sanguínea, em um quadro clínico caracterizado como dengue hemorrágica.
De acordo com Barbosa, os sintomas iniciais da dengue hemorrágica são semelhantes aos da doença clássica, mas evoluem rapidamente para sangramentos graves e queda da pressão arterial. Neste cenário, é necessário atendimento médico em caráter de emergência.
A situação é mais comum em pacientes infectados pela segunda vez. Uma revisão sistemática de diversos estudos, publicada na revista científica Lancet, sugere ainda que mães com dengue podem sofrer abortos ou transmitir a doença aos bebês, causando complicações.
A constatação foi de que, entre as gestantes infectadas antes do parto, 85% delas transmitiram o vírus às crianças. Como consequência, esses recém-nascidos apresentaram problemas como dificuldade respiratória, meningoencefalite (inflamação no cérebro e nas meninges), hemorragia cerebral e paralisia cerebral.
Nos casos mais graves, também há relatos de mortes. Por isso, a recomendação às gestantes é redobrar as precauções e evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti.