Depois de meses de especulações, a relação entre zika e microcefalia foi confirmada. Através de um estudo publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine, pesquisadores do órgão de controle epidemiológico dos Estados Unidos atestaram a associação.
Por meio de critérios de medicina já estabelecidos, os cientistas analisaram as principais pesquisas conduzidas até o momento e apontaram que há evidências suficientes para constatar a correlação.
“Sem dúvidas o zika vírus pode ter comprometimento no desenvolvimento cerebral, na má-formação e no abortamento”, concorda o ginecologista e obstetra Alberto Guimarães, que comenta mais sobre o assunto.
Entenda como foi verificada a relação
Segundo Guimarães, a participação dos cientistas brasileiros na comprovação de que o zika vírus está associado à microcefalia foi fundamental. “Quando as pesquisas de Pernambuco apontaram a ligação por meio do líquido amniótico, já começava uma descoberta inédita em relação à saúde pública e mundial”, diz.
O especialista enfatiza que a atuação de laboratórios americanos para constatar a ligação ocorreu a partir dos levantamentos iniciais dos pesquisadores no Brasil. Isso demonstra a importância e a qualidade dos cientistas daqui. Ele também explica o mecanismo utilizado para afirmar a relação entre o zika e a microcefalia.
“A presença de partículas de vírus no sangue é precoce, somente nos primeiros 14 dias da infecção. Depois, não há mais como constatar a contaminação”, ressalta. Por isso, foi necessária a utilização de um exame específico de pesquisa: o RT-PCR. Ele aponta uma partícula que só pode ser encontrada em pessoas infectadas pelo zika.
Para o médico, toda essa movimentação da comunidade médica e científica refletirá na questão da saúde no Brasil, especialmente no entendimento de que o zika vírus é uma doença grave e que o Aedes aegypti precisa ser combatido.
“Entender que ele não é restrito à classe social menos favorecida e que as pessoas podem ser acometidas em outras regiões vai reforçar a importância do investimento em saúde, educação e prevenção”, completa.
Além disso, não se trata de um problema que afeta apenas o Brasil. Já existem relatos de mais de 40 países acometidos. Ou seja, o assunto ainda deve ser alvo de diversas pesquisas mundiais.
A próxima etapa para os cientistas, portanto, será investigar quais são as outras alterações cerebrais ocasionadas pelo zika que podem afetar o desenvolvimento cognitivo, o pensamento e a inteligência das crianças.
Relação entre zika e microcefalia aumenta o alerta
Com a comprovação de que o zika vírus e o surto de microcefalia estão ligados, as gestantes devem ter cuidado redobrado. Além disso, o momento também é propício para a contaminação por síndromes respiratório e a gripe H1N1, lembra o médico.
“A grávida faz parte de um grupo de risco. Quando ela é comprometida por alguma dessas doenças, a chance de complicações é muito maior do que para o restante da população”, destaca. Daí a importância de manter um acompanhamento médico frequente, para monitorar quaisquer alterações na saúde.
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